De acordo com especialistas, a privatização dos presídios incentiva o aumento do encarceramento, pois os empresários e acionistas lucram com a quantidade de presos. Isso acontece porque o Estado precisa aportar recursos a cada pessoa presa, o que representa mais dinheiro para os investidores. Esse sistema, baseado na lógica do capital, pode resultar em uma verdadeira tragédia.
Ao submeter o sistema prisional à lógica do lucro, aliando isso à ideologia do “bandido bom é bandido morto”, corre-se o risco de transformar as prisões em verdadeiras máquinas de moer gente. Os empresários não têm interesse em investir em melhorias para os presos, afinal, eles não enxergam justificativa para tal. Além disso, a pressão pública também é mínima, uma vez que a sociedade já despreza essas pessoas.
Um fator que chama atenção é o alto custo que o Estado tem ao lidar com os presídios privatizados. Estima-se que o gasto seja de até três vezes mais por preso nesse modelo, levando em consideração o caso dos Estados Unidos, onde a privatização do sistema prisional se tornou um negócio lucrativo. O país americano já conta com a marca de 2,3 milhões de pessoas presas.
Diante dessas questões, questiona-se para quem o governo está governando. A política de privatizações, nesse sentido, parece atender exclusivamente aos interesses do empresariado e do capital financeiro, afastando-se dos interesses da base social que o elegeu. Entidades ligadas à defesa dos direitos humanos e ao antirracismo têm se manifestado contra essa política e pedem a revogação do Decreto 1.1498 e a suspensão do leilão de Erechim.
Os movimentos sociais que celebraram a criação do Ministério da Igualdade Racial também têm legitimidade para cobrar do Estado um compromisso com a defesa dos direitos humanos e o combate ao encarceramento em massa. É preciso construir um país com justiça e dignidade, sem abrir mão dos princípios que sustentam a sua história. Essa construção pode não agradar a Bolsa de Valores, mas certamente conta com o apoio da maioria.