A embarcação, que transporta 60 mil toneladas de farelo de soja para a Polônia, carrega as chamadas WindWings, asas de vento que são uma aposta da indústria para descarbonizar as viagens transatlânticas. A Cargill tem como meta reduzir em 30% as emissões de carbono de sua frota de navios até 2030, em alinhamento com as diretrizes do Acordo de Paris, que busca zerar as emissões em todos os setores da economia até 2050.
As velas do Pyxis Ocean são uma tecnologia desenvolvida pela Yara Marine Technologies, subsidiária da empresa química norueguesa Yara International. Pesando 200 toneladas cada uma, as velas levam cerca de 20 minutos para serem erguidas e chegam a uma altura de 37,5 metros. Elas são manejadas por um software instalado em um computador na cabine de comando e são recolhidas à noite ou em mar calmo, quando não possuem utilidade.
Apesar de serem complementos para o combustível tradicional utilizado pelo navio, as velas mostraram-se eficientes ao aumentar a velocidade média da embarcação. Enquanto a velocidade normal do Pyxis Ocean é de 12 nós (aproximadamente 22 km/h), durante a viagem com as WindWings, a velocidade média chegou a 16 nós (29,6 km/h) e o capitão afirmou que seria possível atingir até 40 nós (74 km/h) em condições de vento favoráveis.
Embora a viagem inaugural das velas do Pyxis Ocean tenha sido motivo de curiosidade e admiração, a Cargill ressalta que essa tecnologia ainda é um protótipo e não a solução final para a redução de emissões de carbono na navegação. A empresa está em busca de um combustível limpo e renovável para substituir o combustível tradicional. No entanto, a utilização das velas no Pyxis Ocean já mostrou-se uma alternativa eficiente para economizar combustível, reduzir o tempo de viagem e reduzir as emissões de carbono.
Para as duas únicas mulheres na tripulação do Pyxis Ocean, a experiência de participar dessa inédita viagem com velas de vento é motivo de orgulho e entusiasmo. Kisoulini Sakshi e Sakshi Wadekar, ambas formadas em ciências da navegação na Índia, estão contentes por fazerem parte dessa iniciativa histórica e afirmam que essa tecnologia veio para ficar.
A próxima viagem do Pyxis Ocean será decisiva para testar a eficiência e o custo-benefício das WindWings. O navio estará carregado e a rota ainda não foi definida, mas a empresa avaliará todos os fatores, como tamanho da embarcação, tipo de rota e carga, antes de decidir pela utilização das velas. Por enquanto, o que se pode afirmar é que essa inovação traz esperança para a indústria marítima e muestra que é possível reduzir as emissões de carbono e caminhar em direção a um futuro mais sustentável.