A preocupação de Wittner não parece exagerada, uma vez que a política já havia sido abordada anteriormente no debate, quando Lubi Prates expressou sua angústia em relação às violências contra as populações indígena e negra, afirmando que não se sente pertencente ao país. A autora de “um corpo negro” também falou sobre sua atuação como tradutora, decidindo traduzir exclusivamente obras de mulheres negras, a fim de proporcionar acesso às autoras que mudaram sua vida.
Já Eliane Marques, originária de Sant’ Ana do Livramento, na fronteira com o Uruguai, destacou seu envolvimento com o selo editorial Orisun Oro, que traz ao Brasil livros de poetas negras da América Latina, ressaltando a importância do ritmo na construção de seus textos.
O debate, que contou com mediação da poeta e professora portuguesa Patrícia Lino, abordou diferentes facetas da literatura e tocou em questões políticas e raciais, evidenciando a relevância de discutir diversidade e representatividade no meio literário. Essas reflexões alimentam a necessidade de dar voz e visibilidade a autores marginalizados e temas muitas vezes negligenciados. O evento da Flip reafirma a importância de promover diálogos e reflexões sobre a literatura e sua relação com a sociedade e a política.