De acordo com o relatório mensal da Organização Internacional do Café, os preços dos robustas subiram 9,6% em janeiro, atingindo 148,47 centavos de dólar por libra. Este é o nível mais elevado desde novembro de 1994, quando atingiu 153,33 centavos.
O aumento nos preços é justificado pelas quebras de safra na Indonésia e no Vietnã, dois dos maiores produtores mundiais dessa espécie. No Vietnã, os comerciantes estão retendo os grãos na expectativa de preços ainda mais altos, o que tem pressionado o mercado internacional.
A safra 2022/23 no Vietnã foi a pior em seis anos, e alguns contratos foram prorrogados para o ciclo atual. Entretanto, a safra acabou novamente abaixo do esperado, o que impactou o mercado internacional.
Como resultado, o Brasil bateu recorde de exportações em janeiro de 2024, com um aumento de 503,5% em relação ao mesmo período de 2023. A produção interna, por sua vez, começa a dar sinais negativos, registrando o maior valor real desde outubro de 2021, segundo o Indicador Cepea/Esalq.
Pesquisadores do Cepea destacam que, além da demanda externa aquecida, o aumento de preços está ligado a incertezas relacionadas à produção interna, devido a relatos de um novo tipo de cochonilha nas fazendas do Espírito Santo, o maior produtor de conilon no Brasil.
Com isso, o presidente da entidade que representa a indústria no Brasil alertou que um repasse ao consumidor seria esperado, caso não houvesse um arrefecimento da elevação dos preços dos robustas no mercado internacional. Pavel Cardoso, presidente da Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café), afirmou que “o resultado foi um aumento exponencial, uma curva preocupante de ascendência do preço da matéria-prima, notadamente do robusta, em função da escalada do preço na Bolsa de Londres”.
Cardoso ainda prevê um aumento de 10% nos preços em janeiro e fevereiro, e um potencial aumento de mais 5% a 7% em março. Ele ressaltou que os empresários evitaram repassar o aumento ao consumidor, mas que agora o repasse será inevitável, sob pena de comprometer a saúde financeira dos negócios.
Portanto, os consumidores devem sentir o impacto do aumento nos próximos 30 a 60 dias, com o preço do café robusta subindo nos supermercados brasileiros. O mercado permanece atento a essas movimentações e incertezas no cenário internacional e doméstico, aguardando as próximas safra e colheitas para avaliar futuras mudanças nos preços do produto.