Polícia Federal investiga suposta tentativa de vincular ministros do STF ao PCC em esquema ilegal do governo Bolsonaro.

A Polícia Federal revelou recentemente detalhes sobre um suposto esquema de arapongagem ilegal envolvendo o governo de Jair Bolsonaro, que teria tentado vincular os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes à facção criminosa PCC. Essas informações foram obtidas a partir da interpretação de documentos apreendidos na sede da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) em operações relacionadas ao caso.

Segundo a PF, os arquivos encontrados na Abin sugerem uma utilização indevida da agência, com o intuito de influenciar políticos e magistrados. O documento em questão, datado de outubro de 2019 e agora em posse da Polícia Federal, faz referências a uma série de apontamentos sobre a advogada Nicole Giamberardino Fabre e o Instituto Anjos da Liberdade.

A investigação da Abin teria surgido a partir da suspeita do uso da ONG e da advogada pelo PCC e Comando Vermelho para interferir em decisões no STF, como a portaria 157, que restringe visitas em presídios federais. O texto também menciona a nomeação de um primo de Nicole para a chefia de gabinete do Ministério da Segurança Pública, tentando vincular essa ação ao ministro Alexandre de Moraes.

No entanto, a falta de embasamento para a ligação de Moraes com lideranças do PCC foi destacada, assim como a exoneração do primo de Nicole do cargo antes mesmo do período em que Moraes era ministro da Justiça. A citação a Gilmar Mendes também é feita de forma especulativa, sugerindo uma ligação indireta da advogada com o advogado de um escritório associado ao ministro.

O caso ganhou repercussão, com o ministro Moraes tornando pública sua decisão, que reproduziu trechos do relatório policial e denunciou a instrumentalização da Abin. Tanto ele quanto Gilmar Mendes e a PF foram procurados, mas optaram por não se manifestar sobre o assunto.

A advogada Nicole Fabre afirmou que apenas exerceu suas atividades profissionais e não compreende por que se tornou alvo de investigações. O documento em questão, intitulado “Prévia Nini.docx”, teria sido produzido em um computador da Câmara dos Deputados, associado ao deputado Gilberto Nascimento. No entanto, não foi esclarecido por que um documento da Abin teria sido elaborado externamente, por uma pessoa não ligada à agência.

Em meio a essas revelações, a PF segue investigando a existência de uma possível “Abin paralela” durante a gestão Bolsonaro, que teria utilizado o software FirstMile para monitorar adversários políticos de forma ilegal. As operações realizadas resultaram em prisões e buscas, colocando em destaque a gravidade das ações realizadas no âmbito da inteligência do governo.

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