Tanto o PP quanto o Republicanos formalmente apoiaram o governo de Jair Bolsonaro (PL). No entanto, ambas as siglas possuem alas que se alinharam a Lula desde a campanha presidencial do ano passado.
Publicamente, o senador Ciro Nogueira, do PP, e o deputado Marcos Pereira, do Republicanos, classificam seus partidos como de direita, rejeitam a participação no governo e afirmam que as siglas permanecerão independentes.
No entanto, ambos deram aval para a costura dos acordos que farão dos deputados Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) e André Fufuca (PP-MA) ministros, mesmo sem definição das pastas.
Nogueira, que já foi aliado do PT, afirma agora que jamais se aliará novamente ao partido. O Republicanos, por sua vez, conta com o governador Tarcísio de Freitas (São Paulo) como um de seus principais ativos políticos.
Além disso, o partido possui uma bancada extremamente bolsonarista no Senado, representada por Damares Alves (DF), Hamilton Mourão (RS) e Cleitinho (MG). Esses parlamentares têm demonstrado insatisfação com a entrada de Silvio Costa Filho no governo.
No entanto, há membros do Republicanos que não descartam um apoio mais incisivo ao petista no futuro, desde que haja um cenário mais claro de avaliação de Lula.
Enquanto isso, o deputado Marcos Pereira busca atrair o apoio do Palácio do Planalto para suceder Arthur Lira (PP-AL) na presidência da Câmara. A candidatura de Pereira é bem vista por integrantes do Planalto.
A decisão de o Republicanos não integrar oficialmente a base de Lula também considera o futuro político de Tarcísio, além do peso que essa aliança teria para o governador.
Ciro Nogueira também tem dado declarações para encobrir o fato de que um de seus principais aliados, o deputado André Fufuca, fará parte do governo. Fufuca foi indicado para presidir o PP em 2021, quando Nogueira se afastou para assumir o ministério da Casa Civil.
Ambas as legendas alegam que precisam respeitar questões regionais para se manterem fortes e em ascensão. Alguns parlamentares dependem do apoio do lulismo, enquanto outros dependem do bolsonarismo. Além disso, há uma ala municipalista que precisa de recursos enviados por emendas e, por isso, precisa de interlocução com qualquer governo.
Apesar de os partidos buscar manter abertura com ambos os lados, resta saber qual será o desdobramento dessas negociações e como a atual conjuntura política do país irá direcionar o caminho dos partidos.