Partidos discutem aliança contra o bolsonarismo para as eleições municipais, buscando isolá-lo no cenário político.

Partidos de diferentes posições ideológicas estão debatendo a formação de uma frente para combater o bolsonarismo nas eleições municipais do próximo ano. A proposta, liderada pelo grupo Direitos Já, foi discutida durante uma reunião realizada em São Paulo na semana passada. O objetivo é unir as legendas em cidades onde candidatos que propagam as ideias do ex-presidente Jair Bolsonaro têm chances de vitória, buscando construir candidaturas unificadas.

O Direitos Já é composto por 15 siglas, a maioria delas ligadas ao presidente Lula (PT), e 11 delas enviaram representantes para o encontro. Estavam presentes membros do PT, PSB, MDB, PDT, PC do B, Rede, PV, Cidadania, PSD, PSDB e Podemos. PSOL, União Brasil, Avante e Solidariedade não participaram da reunião, mas ainda poderão se juntar à estratégia.

A ideia central é combater o radicalismo de direita, que é associado ao bolsonarismo. A intenção é evitar que forças extremistas se enraízem nas prefeituras e nas Câmaras Municipais. A preocupação com a preservação da democracia após os anos de governo Bolsonaro é uma das motivações para a criação dessa frente ampla.

No entanto, a tarefa de conciliar o combate à extrema direita com as alianças locais e as composições nacionais não será fácil. Os entusiastas reconhecem as dificuldades, mas acreditam na importância de ter candidaturas unitárias e recusar alianças com figuras tidas como antidemocráticas. O movimento se inspira na frente ampla que garantiu a eleição de Lula em 2022 e defende a participação da sociedade civil, incluindo organizações não governamentais e personalidades democráticas.

Fernando Guimarães, coordenador do Direitos Já, destaca que a mobilização se faz necessária para evitar o crescimento das forças extremistas nas prefeituras e Câmaras. A iniciativa busca impedir que o PL, partido de Bolsonaro, aumente o número de prefeitos, passando dos atuais cerca de 300 para 1.500 nas próximas eleições.

A tarefa de identificar os candidatos que representam uma ameaça à democracia não será simples, mas o movimento pretende focar naqueles que relativizam os ataques antidemocráticos, que são negacionistas e que demonstram descompromisso com os valores democráticos. Por enquanto, a estratégia não contempla diálogo com o PL, o PP e o Republicanos, partidos que apoiaram a reeleição de Bolsonaro e são considerados de extrema direita.

A frente democrática pretende atuar principalmente nas cidades com turno único de votação, onde a aproximação dos partidos progressistas já é natural no segundo turno. A intenção é evitar a divisão do campo democrático, pois isso enfraqueceria a luta contra o bolsonarismo.

A União Geral dos Trabalhadores destacou que a frente respeitará o direito de candidatos do lado oposto concorrerem, mas buscará derrotá-los de forma legítima na disputa política e eleitoral. A ideia é criar uma união em defesa da democracia, com compromisso firme em valores democráticos. Chico Malfitani, ex-marqueteiro de Guilherme Boulos, sugeriu o uso de um selo de qualidade para os candidatos da frente, com a mensagem “Aqui é vida! Aqui é democracia!”, em oposição ao discurso de violência e admiração pela ditadura militar promovido pela extrema direita.

O movimento Direitos Já desempenhou um papel importante nas articulações que levaram à aliança ampla de apoio a Lula no segundo turno das eleições presidenciais do ano passado. No entanto, a vigilância democrática deve ser mantida diante da ameaça representada pelo campo bolsonarista. Por isso, a participação da sociedade civil nas discussões é fundamental, segundo Guimarães.

A proposta de formação de uma frente ampla para combater o bolsonarismo nas eleições municipais do próximo ano busca preservar a democracia e evitar o crescimento das forças extremistas no poder. Embora haja desafios a serem enfrentados, os partidos envolvidos nesse movimento compreendem a importância de unir esforços para combater o radicalismo de direita e garantir um futuro democrático para o país.

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