Enquanto os especialistas discutem teoricamente sobre o que o PCC representa, seus membros estão envolvidos em negócios ilícitos de grande porte e lidam com enormes quantias de dinheiro. A facção evoluiu consideravelmente ao longo do tempo, expandindo suas atividades para além do tráfico de drogas e roubos espetaculares que costumavam chamar a atenção nas manchetes.
Atualmente, o PCC também se envolve em esquemas de corrupção que visam desviar recursos do dinheiro público. A narrativa de bandidos armados com facas em presídios e armas de fogo nas favelas pode não refletir com precisão a realidade, servindo mais como propaganda para a chamada guerra contra as drogas. De fato, a facção está rapidamente se infiltrando na corrupção institucional, com alguns de seus membros atuando de forma mais discreta usando trajes formais e ocupando cargos em órgãos governamentais.
Recentemente, o Ministério Público de São Paulo deflagrou a Operação Munditia, com o objetivo de desarticular um esquema de fraudes em licitações envolvendo prefeituras e câmaras municipais do interior do estado. O principal operador desse esquema é Vágner Borges Dias, conhecido como Latrell Brito no mundo do crime. Além de músico de pagode, Brito é apontado como criador do grupo Safe, que conta com pelo menos sete empresas registradas em seu nome e de laranjas.
Essas empresas seriam utilizadas para vencer licitações por meio de documentos falsos, simulação de concorrência e corrupção de agentes públicos, de acordo com informações do Ministério Público de São Paulo. Além disso, as atividades das empresas também serviriam para lavagem de dinheiro proveniente do tráfico de drogas e de outras atividades ilícitas ligadas ao PCC. A complexidade e sofisticação das operações do Primeiro Comando da Capital evidenciam a necessidade de uma abordagem mais incisiva das autoridades para combater as atividades criminosas dessa organização.