Na carta lida por seus filhos durante a premiação, Mohammadi destacou que é apenas uma entre milhões de mulheres iranianas orgulhosas e resilientes que se levantaram contra a opressão, a discriminação e a tirania. Ela ressaltou o movimento “Mulher, Vida, Liberdade”, que nasceu após a morte de Mahsa Amini, detida por supostamente violar o código de vestimenta, e como esse movimento tem contribuído para expandir a resistência civil no Irã.
No entanto, Mohammadi também criticou o regime iraniano, acusando-o de bloquear qualquer mudança e de responder com detenções, prisões e balas às exigências de democracia. Além disso, a ativista destacou a discriminação religiosa, de gênero e étnica promovida pelo governo de Teerã.
Durante sua fala, ela mostrou-se confiante no impacto do Nobel para o movimento de oposição no Irã, apesar de criticar o Ocidente pela falta de atenção séria e abordagem proativa em relação à situação no país. A ativista também enfatizou que o uso do hijab não é uma obrigação religiosa ou uma tradição cultural, mas sim um meio de manter a autoridade e a submissão.
A premiação de Mohammadi corresponde a um valor de 11 milhões de coroas suecas, o que equivale a cerca de R$ 5,18 milhões. Durante a cerimônia de entrega do prêmio, a presidente do Comitê do Nobel da Paz, Berit Reiss-Andersen, ressaltou que a honraria deste ano reconhece todas as mulheres corajosas no Irã e em todo o mundo que lutam pelos direitos humanos básicos e pelo fim da discriminação e da segregação das mulheres.
Esse é o único dos seis prêmios Nobel que é atribuído e entregue fora da Suécia, em Oslo, por vontade expressa de seu criador, Alfred Nobel. Os demais prêmios – Medicina, Física, Química, Literatura e Economia – também foram entregues, mas em Estocolmo, na Suécia, em um evento separado.