No ano passado, 30% do Pantanal foi devastado por grandes incêndios, causando danos irreparáveis à região.

Incêndios de alta intensidade ocorridos no Pantanal em 2020 destruíram uma área de mais de 44 mil quilômetros quadrados, de acordo com um novo estudo liderado por cientistas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Essa área queimada corresponde a mais de 30% do território do bioma na porção brasileira, que possui cerca de 150 mil quilômetros quadrados.

Os pesquisadores utilizaram imagens de satélite da missão Sentinel-2 para realizar as estimativas de áreas queimadas, e essa metodologia apresentou uma precisão de aproximadamente 96%, demonstrando vantagens em relação a outros produtos operacionais disponíveis para o Pantanal. O modelo construído com base nessas imagens foi capaz de detectar uma quantidade maior de incêndios menores, especialmente no leste do Pantanal.

O estudo ressalta a importância de desenvolver abordagens para melhorar os dados sobre os impactos do fogo nessa região, que é extremamente sensível às mudanças climáticas. Com a previsão de um forte fenômeno El Niño neste ano, que pode deixar o Pantanal mais seco e suscetível ao fogo, é essencial avaliar a influência desses incêndios nos ecossistemas e na biodiversidade.

O Pantanal é considerado a maior área úmida tropical do mundo e fica sazonalmente inundado, sendo a estação seca geralmente de julho a outubro. Em 2020, o bioma sofreu com uma seca prolongada e registrou uma precipitação abaixo da média, o que resultou em uma área alagada menor do que o normal. Além disso, cerca de 35% das áreas queimadas foram atingidas pela primeira vez.

Os incêndios no Pantanal em 2020 também tiveram consequências drásticas para a fauna da região. Cerca de 16 milhões de animais de pequeno porte e 944 mil de maior porte foram mortos pelo fogo. As onças-pintadas, espécie icônica do bioma, foram particularmente afetadas, com os focos de incêndio atingindo 80% da área de vida desses animais.

Os incêndios também causaram impactos na saúde da população, com o aumento de casos de problemas respiratórios e mais internações nos Estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. O custo estimado da restauração pós-incêndio chegou a cerca de US$ 123 milhões.

Para os pesquisadores, é fundamental aprimorar as análises e obter estimativas mais precisas em escala regional não apenas para refinar a quantificação de áreas devastadas, mas também para calcular as emissões de gases de efeito estufa, que têm um impacto direto nas mudanças climáticas.

Os resultados desse estudo reforçam a necessidade de colaborações e de acesso a mais dados de campo para gerar produtos de sensoriamento remoto mais acurados. Com a previsão de secas cada vez mais frequentes, é esperado um aumento nos episódios de incêndios, tornando essas pesquisas ainda mais relevantes para a tomada de decisões relacionadas ao manejo e mitigação dos efeitos do fogo.

No momento, o Pantanal registrou 381 focos de fogo entre janeiro e agosto deste ano, um número muito menor do que no mesmo período de 2020. No entanto, incêndios florestais têm se intensificado em diferentes partes do mundo, causando mortes e destruição. A análise completa do estudo pode ser acessada através do link fornecido na fonte.

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