Os pesquisadores utilizaram imagens de satélite da missão Sentinel-2 para realizar as estimativas de áreas queimadas, e essa metodologia apresentou uma precisão de aproximadamente 96%, demonstrando vantagens em relação a outros produtos operacionais disponíveis para o Pantanal. O modelo construído com base nessas imagens foi capaz de detectar uma quantidade maior de incêndios menores, especialmente no leste do Pantanal.
O estudo ressalta a importância de desenvolver abordagens para melhorar os dados sobre os impactos do fogo nessa região, que é extremamente sensível às mudanças climáticas. Com a previsão de um forte fenômeno El Niño neste ano, que pode deixar o Pantanal mais seco e suscetível ao fogo, é essencial avaliar a influência desses incêndios nos ecossistemas e na biodiversidade.
O Pantanal é considerado a maior área úmida tropical do mundo e fica sazonalmente inundado, sendo a estação seca geralmente de julho a outubro. Em 2020, o bioma sofreu com uma seca prolongada e registrou uma precipitação abaixo da média, o que resultou em uma área alagada menor do que o normal. Além disso, cerca de 35% das áreas queimadas foram atingidas pela primeira vez.
Os incêndios no Pantanal em 2020 também tiveram consequências drásticas para a fauna da região. Cerca de 16 milhões de animais de pequeno porte e 944 mil de maior porte foram mortos pelo fogo. As onças-pintadas, espécie icônica do bioma, foram particularmente afetadas, com os focos de incêndio atingindo 80% da área de vida desses animais.
Os incêndios também causaram impactos na saúde da população, com o aumento de casos de problemas respiratórios e mais internações nos Estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. O custo estimado da restauração pós-incêndio chegou a cerca de US$ 123 milhões.
Para os pesquisadores, é fundamental aprimorar as análises e obter estimativas mais precisas em escala regional não apenas para refinar a quantificação de áreas devastadas, mas também para calcular as emissões de gases de efeito estufa, que têm um impacto direto nas mudanças climáticas.
Os resultados desse estudo reforçam a necessidade de colaborações e de acesso a mais dados de campo para gerar produtos de sensoriamento remoto mais acurados. Com a previsão de secas cada vez mais frequentes, é esperado um aumento nos episódios de incêndios, tornando essas pesquisas ainda mais relevantes para a tomada de decisões relacionadas ao manejo e mitigação dos efeitos do fogo.
No momento, o Pantanal registrou 381 focos de fogo entre janeiro e agosto deste ano, um número muito menor do que no mesmo período de 2020. No entanto, incêndios florestais têm se intensificado em diferentes partes do mundo, causando mortes e destruição. A análise completa do estudo pode ser acessada através do link fornecido na fonte.