A demógrafa Lucia Yazaki, responsável pelo estudo, apontou que essa tendência de adiamento da maternidade é observada há décadas e tem se mantido constante ao longo dos anos. Nos anos 1990, a taxa de fecundidade elevada estava concentrada na faixa etária de 15 a 19 anos, o que mudou ao longo do tempo.
Segundo a especialista, o grupo de 25 a 29 anos tem se destacado como o novo pico de fecundidade, englobando também mulheres de 34 a 39 anos. Esse adiamento da maternidade está diretamente relacionado ao aumento da escolaridade, acesso à informação, projetos pessoais e participação feminina no mercado de trabalho.
Um exemplo dessa realidade é Fabiana Batistela, de 42 anos, que decidiu se tornar mãe solo aos 38 anos por não ter encontrado uma pessoa para formar uma família. Ela buscou ajuda médica para realizar a fertilização in vitro e se tornou mãe do pequeno Luiz, de 4 anos. Outra mãe, Karina Gonçalves de Oliveira, de 45 anos, adiou a maternidade até encontrar o momento oportuno para ter seus filhos.
A média de filhos por mulher em São Paulo também tem diminuído, chegando a cerca de 1,4 filhos. Essa queda na taxa de fecundidade também é observada em diversos países, incluindo o Brasil. Dados do Banco Mundial mostram que a taxa de fecundidade mundial vem diminuindo ao longo dos anos, indicando uma mudança de comportamento em relação à maternidade.
Esses números refletem uma realidade em que as mulheres estão buscando mais autonomia e adiando a maternidade em busca de estabilidade emocional, financeira e pessoal. A tendência de ter filhos mais tarde é uma escolha cada vez mais comum entre as mulheres paulistas, refletindo as transformações sociais e econômicas pelas quais a sociedade tem passado.