Militares exonerados pelo Exército Brasileiro são investigados por planejar golpe de Estado após eleições de 2022.

O Exército Brasileiro tomou uma decisão inédita nesta quarta-feira, dia 14 de dezembro, ao exonerar dois militares que estavam sob investigação da Polícia Federal. A Operação Tempus Veritatis, realizada na semana passada, tinha como objetivo desmantelar uma organização criminosa que planejava um golpe de Estado após as eleições de 2022.

Os dois militares exonerados são o tenente-coronel Guilherme Marques de Almeida, que ocupava o cargo de comandante do 1º Batalhão de Operações Psicológicas em Goiânia, e o tenente-coronel Hélio Ferreira Lima, que era comandante da 3ª Companhia de Forças Especiais em Manaus.

As exonerações foram assinadas pelo comandante do Exército, general Tomás Paiva, na última quinta-feira, 8, coincidindo com o dia em que a operação da PF foi deflagrada. Porém, as publicações foram feitas no Diário Oficial da União apenas nesta quarta-feira.

Guilherme Marques de Almeida havia sido nomeado por Tomás Paiva para chefiar o batalhão de Goiânia no último dia 19 de dezembro. Em novembro, ele recebeu um salário bruto de R$ 27.417,60. Já Hélio Ferreira Lima comandava a companhia desde junho do ano passado, recebendo uma remuneração bruta de R$ 27.027 em novembro.

De acordo com o relatório da PF, os dois militares estavam ligados a um “núcleo de desinformação e de ataques ao sistema eleitoral”, criado com o intuito de “estimular seguidores a permanecerem na frente de quartéis e instalações das Forças Armadas, no intuito de criar o ambiente propício para o golpe de Estado”. Hélio também foi apontado como integrante de um grupo que se reunia para manter manifestações extremistas nas frentes dos quartéis após as eleições de 2022.

Na última quinta-feira, 33 mandados de busca e apreensão foram realizados pela PF, mirando militares de alta patente, ministros e ex-assessores do ex-presidente Jair Bolsonaro. A ação foi motivada por um relatório do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, que apontou para o planejamento de um golpe de Estado por parte dos investigados.

Além da exoneração, Guilherme e Hélio tiveram o exercício de suas funções públicas suspenso e foram obrigados a entregar seus passaportes para a PF. Este caso, sem precedentes na história recente do país, levanta questões sobre a atuação das Forças Armadas e a relação com a política nacional.

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