A Rede Brasileira de Trilhas de Longo Curso (RBTLC) é um projeto em constante desenvolvimento, porém, até o momento, não possui uma aba dedicada à Trilha TransEspinhaço, que se estende de Ouro Branco, no sul de Minas Gerais, até a divisa com a Bahia, passando pelo parque nacional das Sempre Vivas, em Diamantina.
Para colocar esse bioma diversificado no radar da RBTLC, Luiz Aragão, militar aposentado e ex-chefe do Parque Nacional de Itatiaia, decidiu embarcar em uma jornada de 740 quilômetros em 50 dias. O intuito de Aragão era testar o traçado e a logística da Trilha TransEspinhaço e fornecer informações preciosas ao comitê responsável pela trilha. No entanto, ao longo de todo o percurso, Aragão não encontrou nenhum outro hiker, revelando o desconhecimento dos brasileiros em relação à TransEspinhaço.
A solidão na TransEspinhaço contrastou com as movimentadas trilhas dos Estados Unidos e da Europa, como o Caminho dos Apalaches e a Pacific Crest Trail. Aragão ressaltou as dificuldades encontradas durante a jornada, como trechos bloqueados por cercas e muros indicando futuras construções, resultando em desvios imprevistos.
Além disso, a precária infraestrutura ao longo da trilha também foi um obstáculo para Aragão, que muitas vezes se viu limitado a alimentos básicos como café, bananas e miojo. A falta de opções de abastecimento ao longo do caminho o levou a encomendar alimentos liofilizados, porém encontrar locais para receber essas encomendas se mostrou uma tarefa árdua.
Outro aspecto essencial destacado por Aragão foi a necessidade de voluntariado ao longo da TransEspinhaço, garantindo a sinalização e a segurança dos viajantes. Ele ressaltou a importância de uma associação local engajar voluntários para cuidar da trilha de forma constante e organizada.
Diante dos desafios e das dificuldades encontradas, Aragão teme que o Brasil perca a oportunidade de estabelecer trilhas de longo curso de qualidade, como a TransEspinhaço. Ele alerta para a necessidade de focar em três rotas prioritárias, incluindo a Rota das Araucárias, a Transmantiqueira e, é claro, a própria TransEspinhaço, para garantir a preservação e o acesso a essas preciosas rotas de natureza.