Em julho deste ano, a jornalista e escritora Rosiska Darcy de Oliveira definiu os livros de Marina Colasanti da seguinte maneira, pouco antes da entrega do prêmio Machado de Assis pelo conjunto da obra. “Marina escreve para crianças livros que também são lidos por adultos. São textos encantados, com leituras que se desdobram”, disse Rosiska. A premiação realizada pela Academia Brasileira de Letras se soma a outros importantes prêmios, como os mais de 20 troféus da FNLIJ (Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil) e quase uma dezena de prêmios Jabuti.
A literatura de Marina Colasanti é considerada única e atemporal, mantendo-se sempre num alto patamar de qualidade. Segundo Rosiska, a obra da autora é feita da mesma matéria fina que dá forma aos nossos medos, desejos, engrenagens do inconsciente e tudo o que nos une como seres humanos. A jornalista e escritora colombiana Silvia Castrillón reforça essa visão, afirmando que os contos de fadas e fábulas escritos por Colasanti são, na verdade, direcionados à alma humana.
O lançamento do livro “A Disponibilidade da Alma”, pela FTD, reúne 50 textos, entre contos, crônicas, poemas, ensaios e memórias, evidenciando a diversidade de linguagens utilizadas pela autora. Já o livro “Sereno Mundo Azul”, lançado pela Global, conta com 15 contos inéditos e repletos de objetos mágicos, palácios, cabeças plantadas no chão, feiticeiros, lobos e criaturas fantásticas.
Ao ignorar as famosas morais das histórias, Marina revolucionou a literatura infantojuvenil brasileira, preferindo costurar tramas com as mesmas linhas usadas por renomados autores como os irmãos Grimm e Charles Perrault. As ilustrações presentes em “A Disponibilidade da Alma” quebram a estética europeia, apresentando personagens latinas e cenas que remetem a países da América Latina, destacando-se os traços da artista colombiana Elizabeth Builes.
A literatura de Marina Colasanti continua a encantar leitores de todas as idades, proporcionando uma experiência de leitura rica e plural, onde nada é exatamente o que parece ser. Essa singularidade e profundidade presente na obra da escritora reforçam seu reconhecimento como uma das mais importantes autoras da literatura brasileira contemporânea.
