Manobra contábil para cobrir rombo da desoneração da folha gera polêmica no Congresso e no governo.

Especialistas apontam que a proposta de utilizar o dinheiro esquecido nos bancos para cobrir o rombo da prorrogação da desoneração da folha de pagamento é, na verdade, uma manobra contábil. De acordo com as regras vigentes, apenas impostos e contribuições devem ser considerados como receitas primárias, enquanto o dinheiro encontrado nos bancos é classificado como receita financeira.

O montante descoberto nos bancos representaria cerca de um terço dos R$ 26 bilhões necessários para cobrir o deficit gerado pela prorrogação da desoneração da folha de pagamento. Segundo fontes do governo, a ideia partiu dos senadores, que rejeitaram outras sugestões apresentadas pelo Ministério da Fazenda.

O Ministro da Economia, Fernando Haddad, tem defendido o fim da desoneração da folha de pagamento, um programa criado durante o governo de Dilma Rousseff e prorrogado posteriormente por Michel Temer e Jair Bolsonaro, porém sem atingir os objetivos esperados. Diante do cenário de possível perda de empregos com o término da desoneração, os congressistas optaram por prorrogar o benefício, porém foram questionados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por não indicarem a fonte dos recursos necessários.

Fernando Haddad propôs diversas medidas para tentar solucionar a questão, como o fim do Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse) e a limitação da compensação cruzada do Pis-Cofins. No entanto, tais sugestões foram rejeitadas pelo Congresso, o que mantém a discussão em aberto quanto à melhor maneira de cobrir o rombo gerado pela prorrogação da desoneração da folha de pagamento.

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