O manacá da serra, também conhecido cientificamente como Tibouchina mutabilis, é uma planta que desempenha um papel fundamental na recuperação da Mata Atlântica. Esta árvore, descrita pela primeira vez em 1871 pelo brasileiro José Mariano da Conceição Velloso, é popularmente conhecida como manacá da serra, jacatirão e quaresmeira, entre outros nomes.
Além de sua beleza estonteante, o manacá da serra revela muito sobre o ambiente em que cresce. Esta planta só consegue se desenvolver em locais onde há um espaço vazio na vegetação, necessitando de contato direto com o solo exposto para germinar suas sementes. Por isso, João Paulo Villani, engenheiro ambiental e gestor do Núcleo Santa Virgínia, parte do Parque Estadual da Serra do Mar, destaca a importância desta árvore como uma “cicatrizadora de florestas”.
Villani aponta que, ao longo dos anos, observou como o manacá da serra se estabelece em áreas desmatadas, de pastagem ou ao longo de rodovias, marcando a transição entre áreas desmatadas e florestadas. Este processo natural de sucessão e regeneração é essencial para a formação de florestas saudáveis.
Com cerca de quatro metros de altura, o manacá da serra atrai uma variedade de animais, como porcos do mato, tatus e aves como o macuco. Além disso, suas flores em tons de branco, rosa e lilás desempenham um papel crucial na comunicação com os polinizadores, garantindo a reprodução da planta e a diversidade da fauna local.
É importante ressaltar que a presença do manacá da serra em áreas densamente florestadas pode sinalizar problemas, como morte de espécies maiores, praga ou corte seletivo de madeira. Por isso, a conservação e proteção de áreas como o Núcleo Santa Virgínia são essenciais para a preservação da biodiversidade da Mata Atlântica.
Com a criação de unidades de conservação e projetos de reflorestamento, como o plantio de mais de 321 mil mudas para substituir plantações de eucalipto, há uma esperança de recuperação e preservação dos ecossistemas da região. A atuação de especialistas como André Ferretti, engenheiro florestal, e João Paulo Villani é crucial para garantir um futuro sustentável para a Mata Atlântica.