Lobistas da indústria de petróleo superam delegações de países vulneráveis na COP27 em Sharm el-Sheikh, 2022.

Na COP27, em Sharm el-Sheikh, o número de lobistas superou o de todas as delegações dos dez países mais vulneráveis às mudanças climáticas. Com um total de 2.456 pessoas credenciadas, esses profissionais ocupam uma parcela significativa do evento, representando uma variedade de setores, como assessores, executivos, consultores, vendedores e especialistas técnicos e financeiros. Este contingente corresponde a um aumento de 25% em relação à COP26, realizada em Glasgow.

Os lobistas, na sua maioria, são provenientes de países ocidentais e obtiveram suas credenciais de acesso como membros das delegações nacionais ou em nome de associações comerciais. De forma discreta, eles evitam fazer menção direta ao nome das empresas para as quais trabalham. Na COP27, por exemplo, era necessário visitar o pavilhão da International Emissions Trading Association (IETA), a principal associação de empresas do setor, para encontrar figuras proeminentes, como Patrick Pouyanné, diretor da francesa TotalEnergies, uma das cinco maiores empresas de petróleo do mundo. A TotalEnergies é a empresa com o maior número de representantes no evento, totalizando 116 credenciais.

A presença significativa de lobistas de empresas do setor de energia é um reflexo do interesse e influência dessas companhias nas discussões sobre mudanças climáticas e a transição para fontes de energia mais sustentáveis. Ocorrências como essa levantam questões sobre o equilíbrio de representatividade e interesses na COP, considerando que o número de lobistas supera o de delegações de países mais impactados pelas mudanças climáticas.

Além disso, os dados revelam que o grupo dos representantes das petrolíferas só é superado pelas delegações dos Emirados Árabes Unidos, organizadores da COP, com 4.409 participantes, e do Brasil, organizador da COP30, com 3.081 pessoas. Esses números trazem à tona discussões sobre a presença e influência de diferentes atores nas negociações climáticas globais e a importância de garantir um equilíbrio na representação de interesses variados. É crucial avaliar e considerar a diversidade de vozes e perspectivas presentes nas discussões sobre um desafio global tão complexo quanto as mudanças climáticas.

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