O cenário de sofrimento e desamparo foi agravado por políticos que se autointitulam cristãos, mas que atacam direitos humanos básicos, como a proteção social e a alimentação da população mais necessitada. Em um gesto hipócrita, o deputado federal Sóstenes Cavalcante, autor do polêmico PL 1904, conhecido como PL do estuprador, tentou mudar o discurso após a enxurrada de críticas. O discurso acolhedor da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro foi utilizado como uma tentativa de suavizar a imagem do projeto, que ameaça penalizar médicos que realizam abortos legais.
Além disso, na cidade de São Paulo, o vereador Rubinho Nunes causou indignação ao propor o PL 455, que impõe multas para quem distribui comida para pessoas em situação de vulnerabilidade. A atitude cruel do vereador, que comemorou nas redes sociais o “fim do tráfico de marmitas”, gerou repercussão negativa e obrigou-o a recuar, alegando uma interpretação errada do projeto. Suas acusações infundadas contra quem tenta ajudar os mais necessitados revelam uma política excludente e desumana.
Diante desses episódios lamentáveis, fica evidente a desconexão entre a realidade das ruas e o debate político e econômico que ocupa os espaços midiáticos. Enquanto os mais vulneráveis sofrem com a falta de assistência básica, os discursos vazios e as propostas opressoras de alguns políticos apenas agravam a situação. A solidariedade e a compaixão, ensinamentos tão importantes em qualquer religião, parecem ter se perdido no meio do egoísmo e da ganância pelo poder. A população mais necessitada merece ser ouvida e amparada, e não criminalizada ou negligenciada pelas autoridades que deveriam protegê-la.