Segundo a Polícia Federal, Ronnie Lessa, que está preso acusado de ter realizado os disparos que vitimaram a parlamentar, afirmou em sua delação que Domingos Brazão passou a acreditar que Marielle tinha a intenção de prejudicar interesses da milícia após receber informações de um infiltrado colocado no PSOL, partido ao qual a vereadora estava filiada.
O infiltrado, identificado como Laerte Silva de Lima, teria se filiado ao partido a mando de Domingos, cerca de 20 dias após o segundo turno das eleições de 2016. No entanto, a maneira como Laerte se aproximou de Marielle além de sua filiação partidária não foi esclarecida nos documentos obtidos.
Lessa também relatou que a primeira reunião com os irmãos Brazão aconteceu por volta de setembro de 2017, onde foi acertado o assassinato de Marielle. O ex-policial afirmou ter ouvido a motivação para o crime durante este encontro.
As informações recebidas por Domingos Brazão do infiltrado Laerte apontavam que Marielle teria pedido à população para não aderir a novos loteamentos situados em áreas de milícia. No entanto, a PF não descarta a possibilidade de que Laerte tenha exagerado ou mesmo inventado as informações, alegando que o infiltrado poderia ter “enfeitado o pavão”.
Além disso, Lessa afirmou que Laerte monitorava a vereadora e que teria sido através de um terminal telefônico dele que o paradeiro de Marielle no dia de sua morte foi passado aos assassinos.
Em outra frente, o major Ronald, também envolvido com milícia, foi preso na mesma operação que deteve Laerte. Ele foi condenado a 76 anos por homicídio e ocultação de cadáver, permanecendo atualmente sob custódia como suspeito de liderar a milícia da Muzema.
Em relação ao caso, mais detalhes e desdobramentos devem ser revelados à medida que as investigações avançam, trazendo à tona novos elementos e personagens que podem estar envolvidos no crime que chocou o país e provocou reações em defesa da justiça e da democracia.