Investigação interna da Abin aponta descumprimento de procedimentos por ex-diretor Alexandre Ramagem após sua saída do cargo.

O ex-diretor geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, está sendo alvo de uma investigação interna após não ter cumprido as obrigações padrão de saída do cargo, de acordo com informações parciais levantadas pela agência. A notícia veio à tona após a Polícia Federal encontrar em endereços do ex-diretor um computador, um aparelho celular e possivelmente pendrives físicos de criptografia de propriedade da Abin.

Ramagem chefiou a Abin na gestão de Jair Bolsonaro e deixou o cargo em março de 2022 para concorrer às eleições daquele ano. Atualmente, ele ocupa o cargo de deputado federal pelo PL do Rio de Janeiro.

Segundo a apuração, todo servidor da agência de inteligência que deixa o cargo precisa passar por um checklist patrimonial e firmar um termo de confidencialidade. No caso de Ramagem, o acesso ao sistema interno da Abin foi cortado no dia da exoneração e os equipamentos fixos de sua sala de trabalho foram devolvidos. No entanto, o ex-diretor não compareceu à entrevista em que deveria firmar o termo de confidencialidade.

Em entrevista à GloboNews, Ramagem negou qualquer utilização ou relação com a ferramenta de espionagem alvo da investigação e afirmou não ter devolvido os equipamentos da Abin por achar que tinha autorização para permanecer com eles. Ele também alegou que os equipamentos estavam obsoletos e sem uso.

O ex-diretor está no centro de uma investigação sobre a utilização pela Abin do software israelense FirstMile, suspeito de ter sido usado para espionar adversários políticos de forma ilegal durante a gestão Bolsonaro. O ministro Alexandre de Moraes, do STF, já autorizou duas operações de busca e apreensão contra alvos da investigação.

As operações da PF também geraram tensão entre a cúpula da PF e da Abin, com a PF afirmando que a atual gestão da Abin teria firmado um “conluio” para dificultar as investigações e proteger servidores implicados no uso irregular da ferramenta. A agência de inteligência nega as acusações de conluio, afirmando ter sempre colaborado e atendido a todas as solicitações feitas pela PF desde o início do inquérito, em março.

A Abin está realizando buscas internas para verificar a origem dos equipamentos encontrados com Ramagem. O ex-diretor não se pronunciou sobre as acusações e a investigação ainda está em andamento.

Com uma situação ainda em desenvolvimento, é importante aguardar os desdobramentos das investigações internas e das ações judiciais para entender completamente o caso e suas possíveis ramificações.

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