A composição do Congresso nos governos de Bolsonaro e Lula é semelhante, com maioria de parlamentares de centro e centro-direita. No entanto, após as eleições de 2022, o contingente de parlamentares alinhados ao ex-presidente aumentou, culminando na eleição de cinco ex-ministros para o Senado e quase 100 deputados do PL, a maior bancada da Câmara em 25 anos.
O Senado desempenhou um papel fundamental nessa guinada, desengavetando julgamentos polêmicos, o que levou a um movimento de reação por parte dos parlamentares. Projetos que limitam decisões monocráticas do STF e que criminalizam o consumo de drogas e o aborto avançaram com rapidez na Casa, seguindo para a Câmara.
O presidente da Câmara, Arthur Lira, tem buscado apoio dos diferentes setores políticos em meio a uma disputa pelo comando da Casa em 2025. Projeto antiaborto e propostas “anti-MST” avançaram na última semana, demonstrando a influência das pressões das bancadas religiosa, ruralista e da segurança.
A segurança pública também foi pauta de avanços, com a aprovação de projetos que põem fim à saidinha dos presos e revogam parte dos decretos pró-armas de Bolsonaro. Lula, por sua vez, não apresentou uma agenda consistente para esse setor, abrindo espaço para as propostas conduzidas por seus aliados.
Em suma, o cenário político atual reflete um movimento intenso em torno das pautas de costumes, impulsionado pela composição do Congresso e pelo embate entre diferentes forças políticas. A polarização e a busca por alianças estratégicas estão no centro das decisões que moldam o panorama legislativo do país.