A decisão do governo paulista foi justificada em nota, destacando o reconhecimento pelo trabalho dos policiais e mencionando promoções por mérito realizadas anteriormente. No entanto, o grupo descontente interpretou as mudanças como uma interferência política por parte do secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite (PL-SP), na corporação. Os oficiais substituídos são vistos como ligados ao secretário, que seria um ex-capitão da PM e membro da Rota, suscitando questionamentos sobre a motivação por trás das decisões.
Apesar das declarações oficiais do governo, fontes internas sugerem que as alterações foram definidas diretamente pelo governador e não pelo secretário, referindo-se ao movimento como parte de uma medida mais ampla para promover a mobilidade de carreira na Polícia Militar. No entanto, o comando-geral permaneceu inalterado, o que acarretou especulações sobre as reais intenções por trás dessas mudanças.
A substituição do coronel Freixo por José Augusto Coutinho, um afiliado próximo a Derrite, para o cargo de subcomandante foi uma das mudanças mais significativas. De igual modo, a remoção do comandante do Policiamento da Capital, coronel Reges Meira Peres, para o Comando de Policiamento de Área-12 em Mogi das Cruzes, ampliou as tensões e a insatisfação.
A decisão contou com um total de 34 transferências de coronéis, metade dos quais representam um avanço para os coronéis formados recentemente, enquanto os outros são afiliados à gestão do comandante-geral da PM, Cássio de Freitas, e foram rebaixados. A forma como as mudanças foram comunicadas, ou a falta de aviso prévio, gerou um sentimento de humilhação entre alguns oficiais, evocando comparações com crises anteriores.
Além disso, a decisão ainda impactou a estrutura de inteligência da PM ao trocar o comandante do Centro de Inteligência da corporação, o coronel João Luis Minghetti Costa, e removê-lo para a Assessoria da PM na Prefeitura de São Paulo. A queda de Minghetti também representa uma ruptura da parceria entre a Polícia Militar e os Grupos de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaecos), do Ministério Público de São Paulo.
Embora o governo tenha afirmado que a movimentação de cargos teve outras motivações, alguns setores dentro da corporação enxergam essa decisão como parte de um rearranjo político, tendo em vista o contexto político que envolve as mudanças. Diante disso, o impasse interno e as tensões aumentaram consideravelmente, despertando preocupações sobre o impacto dessas mudanças na atuação da Polícia Militar de São Paulo.