Segundo especialistas ouvidos pela reportagem, há um padrão de pedidos de orçamento direcionados a determinadas empresas, levantando dúvidas sobre a imparcialidade e competitividade dos processos de contratação. Além disso, a prática de fragmentar contratos em valores menores, justificando a dispensa de licitação, tem levantado questionamentos sobre a possibilidade de favorecimento a determinados grupos.
A SP Obras recebeu um montante significativo de recursos, cerca de R$1 bilhão, para realizar obras de readequações e construção de novas unidades de ensino em 2021. Com essa verba, a empresa pública realizou um número sem precedentes de contratações, incluindo aquelas feitas sem licitação. A justificativa para as dispensas de licitação se baseia na fragmentação dos serviços em contratos menores, abaixo de R$100 mil, o que, segundo a gestão Nunes, permite a adoção dessa modalidade em vez de uma concorrência tradicional.
No entanto, o Tribunal de Contas do Município questionou a prefeitura sobre a prática de abrir mão de licitar lotes maiores, levantando a possibilidade de fuga da concorrência no modelo tradicional. O TCM está analisando as possíveis irregularidades em contratos da SP Obras, conforme uma representação feita pelo vereador Hélio Rodrigues (PT).
Diante das acusações, a gestão de Ricardo Nunes nega qualquer irregularidade e afirma que as contratações foram baseadas em pesquisas de mercado visando os preços mais vantajosos. A prefeitura alega que as empresas contratadas estão devidamente cadastradas e que o processo de contratação foi transparente e justo. No entanto, a ligação entre as empresas e os possíveis vínculos familiares levantam questões sobre a lisura dos processos de contratação na SP Obras. A falta de respostas dos responsáveis pelas empresas e a recusa em esclarecer as suspeitas levantam ainda mais questionamentos sobre a transparência das operações da estatal.