O veículo é gerido pela empresa GSN Jornalismo e Publicidade, cuja proprietária é a esposa do servidor, Andrea Pistori Rodrigues. Rafael chegou a ser sócio da GSN, segundo mostram documentos da Jucesp (Junta Comercial de São Paulo).
À Folha o servidor confirma que deixou a empresa em 2015 para assumir cargo público. “Existe uma relação de casal e de confiança. Com essa minha ida para o cargo público deixei as atividades do jornal e saí até do contrato social”, afirmou.
O funcionário, contudo, ainda é dono da Empresa Jornalística Gazeta de Santo Amaro, que controla desde julho de 2011.
A Secretaria Municipal de Comunicação afirma que a compra de publicidade é conduzida por agências especializadas e que considera critérios técnicos de mercado.
De acordo com a pasta, os investimentos em “jornais de bairro de circulação semanal comprovada, como a Gazeta de Santo Amaro e o Grupo Sul News, correspondem em média a R$ 2.750 por semana”.
Além da Gazeta de Santo Amaro, o grupo GSN edita outros quatro jornais de bairros na zona sul da capital: Gazeta do Brooklin & Campo Belo, Interlagos News, Itaim News e Jornal de Moema. Cada um recebe o mesmo valor semanal de R$ 2.750 dos cofres municipais.
“São todos com circulação comprovada, atendendo aos critérios determinados pela administração”, disse a nota da prefeitura, enviada nesta quinta (14).
Nessa conta, anúncios nos seis jornais custam R$ 13.750 mil semanais ao município. “As agências fazem inserções pontualmente. Se ela quiser, anuncia”, afirma Andrea, dona da GSN.
As reportagens publicadas pelo grupo tendem a ser positivas para gestão Nunes. Algumas são cópias de textos elaborados pela própria prefeitura.
Até setembro de 2022, mesmo à frente do jornal de Santo Amaro, o servidor ocupava cargo em uma comissão de licitação da Subprefeitura de Capela do Socorro, na zona sul. A prefeitura diz que ele deixou essa vaga.
A nova nomeação de Pistori ocorreu em julho deste ano para o cargo de assessor da Secretaria Municipal do Governo e do gabinete do prefeito.
A reportagem apurou que o funcionário foi contratado em razão da sua experiência com jornais de bairro, um segmento que tem sido explorado por Nunes para apresentar os atos do seu governo e divulgar a sua imagem. Em 2024, o prefeito tentará ser reeleito.
Segundo a prefeitura, o funcionário foi contratado para “atuar junto às comunidades nos diversos bairros com o desenvolvimento de projetos de cunho social e cultural”.
De acordo com o portal transparência da prefeitura, Pistori recebe R$ 12 mil (R$ 9.200 líquidos) como assessor. Ele tem uma jornada de 40 horas semanais, no quinto andar no prédio do Viaduto do Chá —o mesmo de onde Nunes despacha.
“A contratação respeitou os critérios do Conselho Municipal de Administração Pública (Comap), entre as quais não ter vínculos societários com empresa privada”, diz a nota da secretaria.