As principais vitórias de Bolsonaro, sem dúvida, foram a eleição de 2018 e a anulação da direita democrática como uma alternativa de poder no país. Atualmente, qualquer oposição ao campo progressista no Brasil precisa, de alguma forma, reconhecer a influência da extrema-direita. Isso porque os chamados “liberais”, na maioria dos casos, se mostraram reacionários ao optarem por apoiar Bolsonaro em vez de defender a democracia.
Segundo os autores Steven Levitsky e Daniel Ziblatt, que citam o cientista político Juan Linz, essas pessoas são consideradas “semileais” à democracia, e já se aliaram a líderes autoritários em diversos países, incluindo o Brasil. No entanto, a resposta dos brasileiros ao autoritarismo tem sido mais eficaz do que a dos americanos, principalmente devido à aceitação do resultado das urnas e à atuação do Judiciário em neutralizar ameaças.
Apesar de o livro “Como Salvar a Democracia” se referir especificamente aos EUA, o anterior dos mesmos autores, “Como as Democracias Morrem”, tem um alcance universal e se aplica também ao Brasil. A controvérsia em relação às decisões do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do Supremo Tribunal Federal (STF) faz parte do sistema democrático, porém, é importante destacar que ambas as instituições agiram de acordo com a lei para preservar a democracia no país.
Portanto, tanto o TSE quanto o STF podem servir de inspiração para outros países que desejam proteger sua democracia, pois a atuação autônoma e imparcial dessas instituições é fundamental para garantir a estabilidade democrática. A falta de um sistema semelhante nos Estados Unidos pode estar contribuindo para a fragilização da democracia naquele país.