Nos últimos anos, o Brasil tem presenciado uma série de embates e controvérsias no cenário científico. Recentemente, o físico Ricardo Galvão, presidente do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), gerou grande polêmica ao criticar o movimento de equidade de gênero na ciência.
Galvão ficou conhecido por confrontar as alegações do presidente Jair Bolsonaro sobre dados manipulados relacionados ao desmatamento na Amazônia, o que resultou em sua exoneração do cargo de chefe do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). No entanto, sua atuação como presidente do CNPq tem sido objeto de críticas, especialmente após suas declarações em um evento na Unicamp.
Durante o evento, Galvão expressou seu descontentamento em relação ao movimento “Parent in Science”, que busca combater as desigualdades de gênero na área científica. Ele afirmou que o movimento “atrapalha muito” ao propor medidas específicas para apoiar mulheres cientistas. Além disso, fez comentários controversos sobre a produtividade das pesquisadoras e a influência da maternidade no desempenho acadêmico.
Essas declarações causaram indignação e levantaram debates sobre a igualdade de gênero na ciência. Muitos argumentam que a visão de Galvão reflete uma postura insensível em relação à maternidade e à condição feminina na carreira científica. Isso levanta questões sobre a necessidade de uma abordagem mais equitativa nas agências de fomento à pesquisa, levando em consideração as especificidades da condição materna e feminina, bem como outras desigualdades estruturais.
Além disso, a controvérsia em torno das declarações de Galvão suscitou discussões sobre o modelo de avaliação da produtividade acadêmica e a necessidade de uma revisão profunda desse sistema. Muitos argumentam que a valorização da produtividade bruta, medida em número de estudos publicados, não leva em conta a qualidade, o impacto e a ambição intelectual das pesquisas.
Por fim, a inclusão de perspectivas diversas na ciência é vista como um caminho para produzir ciência melhor e para impedir que vieses cognitivos restritos a um determinado grupo de indivíduos influenciem de maneira desproporcional a produção científica.
Portanto, as declarações de Galvão levantaram questões importantes sobre a igualdade de gênero na ciência e a necessidade de uma abordagem mais equitativa e inclusiva. A controvérsia em torno desse tema continua a gerar debates acalorados e provocar reflexões sobre o futuro da ciência no Brasil.