A polêmica ganhou destaque após o governo decidir antecipar o aumento da mistura de biodiesel no diesel, passando de 2026 para 2025. Em 2024, a previsão é que o diesel vendido nos postos já tenha 14% de biodiesel. A medida, defendida pelo governo como uma forma de reduzir as emissões de gases do efeito estufa, tem gerado discordância e preocupações de setores da indústria.
Segundo a Confederação Nacional dos Transportes (CNT), a política nacional do biodiesel está desalinhada com relação às boas práticas adotadas pelo restante do mundo no enfrentamento do consumo de combustível fóssil e da emissão de poluentes. A CNT questiona o aumento do uso de biodiesel, defendido como uma medida positiva.
Por outro lado, os produtores de biodiesel argumentam que um percentual maior da substância ajuda na redução das importações de diesel. Além disso, destacam que o uso de excedentes de óleo de soja que hoje não têm mercado contribui para o desenvolvimento do setor. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, já levantou a possibilidade de que a mistura alcance 25%.
A Sambaíba apresentou à ANP um estudo que demonstrou os impactos negativos do uso do biodiesel. A empresa afirmou que o uso da mistura de 15% causou aumento de custo operacional e diversas ocorrências que prejudicaram o desempenho técnico da frota. Além disso, foi necessário reduzir o intervalo de substituição de filtros e realizar mais limpezas no tanque da garagem.
Entretanto, o governo argumenta que a antecipação do aumento da mistura é uma vitória dos biocombustíveis e ajudará o Brasil a cumprir suas metas de descarbonização. Em defesa do aumento da mistura, a FPBio argumenta que há um crescente número de produtores que estão investindo em veículos abastecidos exclusivamente com biodiesel, o que refutaria a demanda por mais testes antes do aumento da mistura.
A polêmica continua gerando debates e levantando preocupações em relação ao impacto do uso de biodiesel no diesel dos transportes públicos e da frota de caminhões e ônibus rodoviários. A questão, que envolve questões ambientais, econômicas e técnicas, ainda está longe de chegar a um consenso.