Em uma perspectiva mais ampla, esses serviços também abrangem processos geofísicos que beneficiam a humanidade, como a provisão a longo prazo de solos férteis, os fluxos ascendentes da circulação oceânica que trazem nutrientes das profundidades do oceano para sustentar ecossistemas marinhos ricos em proteínas, e o papel dos glaciares como infraestrutura natural de armazenamento de recursos hídricos.
No entanto, a maneira como esses serviços são tratados no contexto da produção mercantil é frequentemente motivo de debate. Alguns economistas consideram os serviços ecossistêmicos como condições naturais de produção, independentes da quantidade de trabalho aplicado. Outros questionam a tentativa de atribuir um valor de mercado a elementos da natureza que foram criados pela própria natureza e não para a venda.
Dentro dessa discussão, surgem diversas questões sobre a relação entre a biosfera (elementos naturais) e a noosfera (ambiente econômico) e como essa relação é mediada pelo trabalho humano. Além disso, a crescente demanda por serviços ambientais para compensar a perda de ecossistemas gera um mercado que enfrenta conflitos e dilemas diante da necessidade de encarar o impacto da crise socioambiental.
No contexto específico do Panamá, o país ingressa em um estágio de transição de soberania limitada para uma situação de pleno exercício dos deveres e direitos da soberania no século XXI. Diante desse cenário, a produção de serviços ambientais abre espaço para fomentar a mudança social necessária para proteger e tornar mais competitivas as vantagens comparativas em questões de água e biodiversidade.
Por fim, à medida que a sociedade panamenha avança rumo a uma sociedade próspera, inclusiva, sustentável e democrática, o papel dos serviços ambientais se torna cada vez mais relevante. Esse processo, no entanto, não se dá sem conflitos e desafios, à medida que se busca equilibrar as demandas da biosfera e da noosfera em um contexto de crescente escassez de recursos naturais e mudanças climáticas.