O analista de relações internacionais Lúcio Reiner explica que Israel nasceu como um estado socialista de centro-esquerda, mas ao longo dos anos, governos mais à direita foram ganhando terreno, com Netanyahu se tornando o primeiro-ministro mais longevo da história do país. A ascensão da direita, que evoluiu para a extrema direita, resultou em um congelamento das relações com os países vizinhos, como Síria, Líbano e Palestina.
Reiner destaca que Israel possui um poder militar superior aos de seus adversários e vem ocupando cada vez mais territórios da Cisjordânia, o que contraria as resoluções da ONU e dificulta a criação de um estado palestino viável. Ele também ressalta que Netanyahu, na busca por se manter no poder, adotou uma postura extremista em relação aos palestinos, oferecendo apenas três opções: imigração, submissão ou morte.
Segundo Reiner, a política fascista do governo de Israel transformou Gaza em um gueto totalmente controlado por Israel, onde até mesmo a água é controlada. Ele argumenta que a atual política do país busca resolver a questão com a força, mas essa abordagem não é eficaz.
O analista afirma que os ataques recentes do Hamas têm o objetivo de criar insegurança e abalar o governo de Israel, levando-o a negociar e a abandonar as colônias ilegais na Cisjordânia, além de conceder território e pagamento pela terra aos palestinos.
Quanto ao risco de um grande conflito entre Israel e Hamas, Gherman acredita que é pouco provável que isso ocorra, já que Netanyahu está enfraquecido e enfrenta uma situação terrível com reféns e mortes no território palestino. No entanto, se Israel decidir fazer uma invasão terrestre, há a possibilidade do Hezbollah, grupo terrorista localizado no Líbano e apoiado pelo Irã, entrar em ação pelo norte, resultando em uma guerra em duas frentes.
Em relação aos próximos passos, é esperado que os confrontos por meio de bombardeios de foguetes continuem, e que Israel, diante de sua atual situação com um governo sem legitimidade, busque uma solução diplomática que possa resultar na queda de Netanyahu devido à questão dos reféns palestinos.
É importante destacar que este texto foi produzido com base nas opiniões dos especialistas entrevistados e não cita uma fonte específica.