Essa campanha de boicote a Israel, chamada de “Espaços sem Apartheid”, foi uma das iniciativas mais bem-sucedidas de boicote na Espanha. No entanto, a série de derrotas nos tribunais e o declínio dos chamados “municípios da mudança” marcaram o fim dessa etapa municipal da campanha.
Um caso emblemático foi o da cidade de Barcelona, onde a ex-prefeita Ada Colau, de esquerda, perdeu nas últimas eleições, frustrando uma das principais possíveis frentes do boicote institucional a Israel. Em 2015, Barcelona havia cortado as relações com Tel Aviv, acusando o Estado de Israel de exercer um apartheid sobre o povo palestino. No entanto, o novo presidente da Câmara de Barcelona, Jaume Collboni, retomou a parceria com Tel Aviv e ofereceu a capital catalã como base para um novo acordo de paz entre as partes em conflito.
Enquanto isso, a Câmara Municipal de Madrid, liderada por José Luis Martínez-Almeida, apoiou incondicionalmente o massacre da população civil palestina pelo exército de Israel, aprovando a atribuição da Medalha de Honra Municipal a Israel. Essa medida teve oposição do PSOE e do Más Madrid, mas mostra a falta de ação institucional diante dos massacres em Gaza.
Entre os partidos políticos espanhóis, apenas o Podemos e o Sumar se manifestaram a favor de um embargo de armas a Israel. No entanto, o movimento BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções) pediu expressamente aos partidos que cortassem o fornecimento de armas espanholas a Israel, uma vez que essas vendas violam a legislação espanhola que proíbe o envio de armas para países em conflito ou que violam os direitos humanos.
Diante disso, Sánchez Mera, defensor do boicote a Israel, destaca a importância do consumo como um ato político e a necessidade de mudar a narrativa para entender o massacre em Gaza dentro de seu contexto de apartheid. Ele afirma que é importante que o movimento de solidariedade não perca força e continue a pressionar o governo a tomar medidas concretas, como o embargo de armas a Israel.