Escritor nigeriano Wole Soyinka defende diálogo direto entre a África e as comunidades afrodiaspóricas em palestra em Salvador.

No último dia 6 de novembro, o renomado escritor, poeta e dramaturgo nigeriano Wole Soyinka fez um chamado durante uma palestra realizada no Centro Histórico de Salvador, cidade com uma das maiores populações negras fora da África. O evento aconteceu no Museu Nacional de Cultura Afro Brasileira (Muncab) e contou com uma plateia majoritariamente negra.

Durante sua fala, Soyinka defendeu a importância de um diálogo mais intenso e direto entre a África e as comunidades afrodiaspóricas, sem a interferência de intermediários. Segundo ele, muitas vezes a visão sobre o continente africano é filtrada pela perspectiva europeia, o que impede uma compreensão mais genuína e ampla.

O escritor, que foi o primeiro negro a receber o Prêmio Nobel de Literatura em 1986, destacou a qualidade da produção artística e literária africana atualmente e ressaltou a importância de criar uma comunicação mais próxima entre o continente africano e a diáspora. Segundo ele, essa troca de conhecimento é fundamental para resgatar uma visão mais autêntica e verdadeira da África.

Soyinka também apresentou um de seus projetos, que é levar a população afrodiaspórica de volta ao continente africano. Ele ressaltou que essa viagem não se trata de um retorno a um paraíso, mas sim de uma volta simbólica, uma forma de transmitir conhecimento sobre o continente e fortalecer os laços entre as comunidades negras em todo o mundo.

Em uma entrevista após o evento, o escritor comentou sobre o Prêmio Nobel de Literatura, afirmando que ele é concedido por uma academia europeia e que isso reflete o histórico de poucos escritores africanos laureados. Ele destacou a importância de continuar escrevendo e narrando a própria experiência e visão de mundo, independentemente do reconhecimento ou premiação.

O evento em Salvador também marcou o encerramento do Festival Liberatum, que aconteceu pela primeira vez na capital baiana. O festival reuniu artistas internacionais e brasileiros, como as atrizes Viola Davis, Angela Bassett e Rossy de Palma, além de personalidades como Alcione, Taís Araújo, Seu Jorge, Erika Hilton (PSOL) e a ministra da Cultura, Margareth Menezes.

Além das palestras e debates, o festival também contou com apresentações musicais, incluindo shows do cantor Lazzo Matumbi com Ground Zero Blues, do grupo Ilê Ayê e da Orquestra Afrosinfônica com Luedji Luna e Márcio Vitor.

O evento foi uma oportunidade de promover um diálogo e uma troca de experiências entre diferentes culturas e comunidades, fortalecendo a valorização da cultura afrodescendente e destacando a importância de ampliar o conhecimento sobre a África e suas contribuições para o mundo.

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