A Academia, fundada pelo maestro Daniel Barenboim e pelo intelectual Edward Said, tem como objetivo promover a integração entre músicos oriundos do Oriente Médio e do Norte da África. A instituição, que abriu suas portas em 2016, é fruto de uma parceria iniciada pelos fundadores no início do milênio, culminando na formação da orquestra West-Eastern Divan e na criação de escolas de música em diversos locais.
Com cerca de 80 alunos de 27 nacionalidades diferentes, a Academia tem sido profundamente impactada pela guerra entre Israel e Palestina. A morte de milhares de pessoas, incluindo israelenses e palestinos, trouxe preocupação e angústia para a comunidade escolar. A diretora, Regula Rapp, relatou que os alunos têm demonstrado nervosismo e relutância em participar de apresentações musicais. No entanto, a instituição tem buscado oferecer suporte psicológico e orientação aos estudantes, além de promover discussões sobre o conflito e seu contexto sociopolítico.
O concerto do dia 23 de outubro, regido por Barenboim, quase foi cancelado devido à tensão e à apreensão dos alunos. No entanto, a decisão final foi de que a música prevaleceria, representando um sinal de esperança e força diante das adversidades. A abordagem da academia, baseada na crença de que a música é capaz de estabelecer diálogo e harmonia entre diferentes povos, tem atraído a atenção de políticos na Alemanha, embora a questão do financiamento público continue sendo uma preocupação.
O desafio atual da Academia Barenboim-Said vai muito além das pressões políticas. A incerteza em relação à duração e aos desdobramentos da guerra, assim como o impacto direto nas vidas dos alunos, são questões que continuam a afligir a comunidade acadêmica. Não obstante, a direção da escola permanece comprometida em oferecer apoio e resiliência aos alunos, mantendo viva a crença de que a música é capaz de transcendência e união em tempos difíceis.