No último domingo (17) entrou em vigor o programa de tarifa zero nos ônibus da cidade de São Paulo, abrangendo as 1175 linhas, das 0h às 23h59, sempre aos domingos. Essa ação havia sido anunciada pelo prefeito da capital paulista Ricardo Nunes (MDB) em novembro, com o objetivo de dobrar o número de passageiros e incentivar o uso do transporte público. Ele afirmou que a expectativa é aumentar pelo menos 50%, podendo até dobrar, e que a quantidade de ônibus ainda seria suficiente para atender à demanda.
No primeiro dia da implementação do programa, a prefeitura informou que o número de passageiros aumentou 35% em relação aos domingos anteriores, ultrapassando inclusive a média registrada antes da pandemia, atingindo a marca de 2.974.400 milhões de pessoas. Além disso, foi observado um aumento de 38% de usuários nas regiões periféricas da capital paulista.
No entanto, a gratuidade do transporte não será aplicada nos metrôs e trens da CPTM nos domingos e nas datas comemorativas, como Natal, Ano Novo e no Aniversário de São Paulo, em 25 de janeiro.
Segundo Rafael Calabria, coordenador de mobilidade urbana no Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), essa medida é fundamental para os moradores de periferia, uma vez que precisam de um deslocamento maior para chegar ao centro. No entanto, ele ressalta a importância de resolver possíveis problemas com a gratuidade para que o programa atenda de forma adequada à demanda.
A cidade de São Caetano do Sul foi citada como exemplo de sucesso no programa de tarifa zero, pois viu o número de passageiros crescer após a implementação em novembro deste ano. No entanto, a capital paulista enfrenta um grande desafio, devido à enorme quantidade de passageiros diários, que chega a uma média de nove milhões de pessoas.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), manifestou-se contra o projeto, afirmando que não vê viabilidade no sistema de 8 milhões e 300 mil passageiros com tarifa zero.
Em relação à questão social, a tarifa zero é essencial para a cidade, principalmente entre os mais pobres e para os moradores de extremos, que estão longe do centro e das principais atividades culturais.
A grande dúvida sobre quem vai pagar a conta dos dias com a gratuidade no transporte foi respondida com a aprovação de um subsídio de R$ 500 milhões, somados a outros R$ 5 bilhões que a prefeitura já pretende pagar para as concessionárias de ônibus no próximo ano. Segundo o prefeito Ricardo Nunes, a frota não precisará de aumento em um primeiro momento, mas a demanda será monitorada para possíveis ajustes.
A tarifa zero não é novidade em São Paulo, tendo sido experimentada em Cidade Tiradentes durante a gestão da prefeita Luiza Erundina (PT) em 1991, encerrada na gestão do prefeito Celso Pitta (PP). Após essa experiência, os prefeitos seguintes não retomaram o debate sobre a gratuidade do transporte público.
Em resumo, a implementação do programa de tarifa zero nos ônibus de São Paulo tem mostrado resultados positivos em aumento de passageiros, mas enfrenta desafios em relação à demanda e à gestão do transporte público. A ação é considerada fundamental socialmente, mas ainda encontra resistência e dúvidas sobre a viabilidade econômica e financeira a longo prazo.