Os dois machos, conhecidos como Jacob e Tibu, estavam no território inimigo após perderem uma batalha territorial. A situação era perigosa, com a presença de leoas ao longe e o perigo representado por crocodilos e hipopótamos no canal. Um desafio ainda maior se apresentava: Jacob, um dos leões, possuía apenas três patas, tendo perdido uma delas em uma armadilha de caçadores no ano de 2020.
O feito desses leões chamou a atenção dos pesquisadores, que registraram a travessia dos animais como a maior já documentada. As tentativas, inicialmente fracassadas, mostraram a dificuldade que os felinos enfrentaram para superar os obstáculos da natureza. No entanto, na terceira tentativa, Jacob e Tibu conseguiram vencer o desafio e atravessar o canal.
O biólogo Alexander Braczkowski descreveu a travessia como dramática, comparando os leões a “dois pequenos sinais de calor cruzando um oceano”. A equipe de pesquisadores, que acompanha os leões desde 2017, pôde testemunhar o inédito episódio.
A diminuição da população de leões no Parque Nacional Queen Elizabeth é um fator que pode explicar a arriscada travessia. Com menos fêmeas disponíveis na região, os machos podem estar se aventurando em novos territórios em busca de acasalamento. As condições locais, como o envenenamento de animais por moradores da região, contribuem para o desequilíbrio na população de leões.
Assim, a travessia dos leões Jacob e Tibu representa não apenas uma demonstração de coragem e instinto de sobrevivência, mas também um reflexo das dificuldades enfrentadas pela vida selvagem em um ambiente cada vez mais hostil e desequilibrado.