A fertilidade sempre foi um assunto envolto em mistério, despertando a curiosidade da humanidade ao longo dos séculos. Atualmente, a situação não é diferente, com aproximadamente um em cada seis casais enfrentando dificuldades para engravidar. A complexidade por trás do sucesso reprodutivo de algumas mulheres e das dificuldades enfrentadas por outras é influenciada por diversos fatores, sendo a dieta um dos elementos-chave nesse quebra-cabeça.
A forma como nos alimentamos desempenha um papel fundamental na saúde reprodutiva feminina. Cada alimento que ingerimos é como o combustível que colocamos em nosso corpo, e a escolha do combustível adequado pode ter impactos significativos na capacidade de concepção e gestação saudável. O padrão de dieta ocidental, caracterizado pelo consumo excessivo de alimentos processados, fast food, carnes vermelhas, laticínios gordurosos, doces e bebidas açucaradas, tem dominado a alimentação nas últimas décadas. Esse padrão desequilibrado, rico em calorias, tem sido associado ao sobrepeso e obesidade, fatores que podem interferir negativamente na fertilidade.
Estudos têm demonstrado que alimentos ricos em gorduras trans, presentes em produtos processados e fast food, podem promover resistência à insulina e aumentar marcadores inflamatórios, afetando diretamente os hormônios reprodutivos. Da mesma forma, o consumo elevado de carboidratos de alto índice glicêmico, como refrigerantes, foi associado à resistência à insulina, impactando a capacidade de concepção.
Por outro lado, a dieta mediterrânea tem se mostrado como um padrão nutricional favorável para promover a fertilidade. Caracterizada pela inclusão de frutas, verduras, legumes, nozes, grãos integrais e gorduras saudáveis, como o azeite de oliva, essa dieta tem sido associada a melhor saúde reprodutiva, controle de peso, redução da inflamação e melhora da saúde mental.
Durante a pandemia de Covid-19, um estudo realizado por um grupo de pesquisa de Estilo de Vida e Saúde investigou o impacto do confinamento nos hábitos alimentares de mulheres com problemas reprodutivos. Os resultados mostraram que, embora tenham ocorrido mudanças previsíveis na dieta, a maioria das participantes não alterou significativamente seu padrão alimentar. No entanto, poucas mulheres seguiram as recomendações da dieta mediterrânea, indicando que há espaço para melhorias na alimentação para otimizar a saúde reprodutiva.
Em resumo, a escolha dos alimentos certos pode influenciar diretamente na capacidade das mulheres de conceberem e levarem uma gestação saudável até o fim. Portanto, é fundamental considerar cuidadosamente o impacto da dieta na fertilidade feminina e adotar hábitos alimentares saudáveis para promover a saúde reprodutiva.