A investigação baseou-se em imagens de satélite que identificaram um desmatamento em 2015, um ano antes de a família Rocha comprar o imóvel. A área passível de averbação de Reserva Legal (RL) correspondia a apenas 7,45% da área total da propriedade, abaixo do mínimo de 20% exigido pela legislação brasileira. Dois anos depois, a família declarou o Cadastro Ambiental Rural (CAR) do imóvel com 20,6% área de RL.
O laudo técnico do MPMS informou que trechos da Reserva Legal foram convertidos “no passado, para uso alternativo do solo”. Imagens de satélite datadas de 2018 mostraram a presença de gado bovino dentro da RL, o que é proibido. A família era responsável pela criação de 500 cabeças de gado e havia apresentado uma solicitação de licença para confinamento de 3 mil animais em 2023.
A documentação relativa ao Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado entre os proprietários da Fazenda Annalu e o Ministério Público listou outras infrações, como a declaração irregular no Cadastro Ambiental Rural (CAR) e a construção de um pesqueiro em uma Área de Proteção Permanente.
Além disso, os relatórios técnicos juntados ao TAC mostraram que a pulverização de agrotóxicos foi realizada sem respeitar a distância mínima em relação às áreas de preservação e habitações. O armazenamento dos produtos também foi inadequado, descumprindo normas técnicas.
Apesar das irregularidades, a família Rocha, além de controlar a Fazenda Annalu, também é conhecida por sua presença em Caracol, Deodápolis, Douradina, Nioaque, Porto Murtinho, Corumbá, onde têm terras equivalentes a mais da metade do tamanho de Deodápolis, um avião, seis postos de abastecimento de aeronaves e um setor de ativos imobiliários. Todos esses empreendimentos estão relacionados à Valor Commodities, antes conhecida como Campina Verde.
Apesar de terem sido questionados, os representantes do grupo Valor Commodities, do Imasul e da Rede Globo não responderam aos questionamentos. As opiniões expressas neste artigo não refletem necessariamente a opinião da Diálogos do Sul.