Essas estruturas, classificadas como “proto-urbanas” ou “megassítios”, foram criadas pela cultura de Trypillia, localizada na Europa Oriental, há cerca de 6.000 anos. A cultura de Trypillia, cujos assentamentos ficavam nos atuais territórios da Ucrânia e da Moldova, utilizava um padrão concêntrico de moradias e áreas de plantio e criação de animais, com fileiras de casas formando um corredor em torno de uma área mais aberta.
Um novo estudo publicado na revista PNAS revelou que a população ali se sustentava graças a intensificação agropecuária, examinando as características químicas dos restos dos animais domésticos e das lavouras dos “megassítios”. Os aglomerados populacionais surgiram numa área de solo fértil na fronteira entre floresta e estepe, mas a fertilidade natural da terra não explica sozinha o sucesso desses povos.
Os níveis elevados de nitrogênio-15, um isótopo do nitrogênio, encontrados nos restos orgânicos dos assentamentos de Trypillia, indicam um uso constante de esterco animal nas plantações. Os moradores criavam principalmente vacas, mas também cabras, ovelhas e, em menor escala, porcos. Suas lavouras incluíam cereais como cevada e leguminosas como ervilhas.
A dieta dos habitantes da região era quase totalmente vegetariana, pois a combinação de cereais com leguminosas era capaz de proporcionar a maior parte de suas necessidades de calorias e proteínas. A carne correspondia a apenas cerca de 10% da dieta, mas criar os animais era essencial para fertilizar os campos.
No entanto, por volta de 5.000 anos atrás, as cidades primitivas da região acabaram desaparecendo devido ao surgimento de tensões sociais causadas pelo aumento da desigualdade social. As pessoas abandonaram os assentamentos de grande escala e decidiram viver em comunidades menores novamente.
O estudo revelou a importância do uso de esterco animal na agricultura e no desenvolvimento das primeiras cidades, proporcionando insights valiosos sobre a forma como as antigas civilizações prosperaram e enfrentaram desafios sociais e econômicos. Compreender a história e o desenvolvimento de antigas civilizações pode fornecer lições importantes para as sociedades contemporâneas em relação ao uso sustentável dos recursos naturais e à gestão da desigualdade social.
