Desafios da maternidade solo: mães compartilham lutas contra sobrecarga e transtornos mentais no cuidado dos filhos.

O impacto da maternidade solo na saúde mental das mulheres

A vida de mulheres que criam seus filhos sozinhas é permeada por desafios que vão além do aspecto econômico. A ausência de suporte na maternidade pode gerar impactos na saúde mental, como relatam mães entrevistadas. A manicure e motorista de aplicativo Ione Lais de Almeida, 41, diagnosticada com síndrome do pânico em 2021, relata os desafios que enfrentou ao criar os três filhos sozinha. Segundo ela, as crises de ansiedade e o medo eram constantes, e a sobrecarga de tarefas era uma realidade.

Da mesma forma, a engenheira química Fabiana Morais, 31, passou por um processo de entendimento dos sentimentos que a afligiam. Ela descreve sua experiência com ansiedade, raiva, tristeza e a cobrança para ser uma mãe perfeita. A falta de reconhecimento e a sobrecarga foram elementos que contribuíram para o seu desgaste emocional.

A psicóloga Marina Cohen, do Hospital Israelita Albert Einstein, destaca que a maternidade solo não é a única causa de transtornos de saúde mental, mas a sobrecarga advinda dessa situação deve ser considerada nos atendimentos. Segundo Cohen, é fundamental a formação de uma rede de apoio para proteger as mães solos dos impactos negativos na saúde mental. No entanto, a realidade das mães solo nem sempre conta com esse suporte, visto que muitas vezes a figura do parceiro e a presença familiar são ausentes.

Uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) revelou que o número de domicílios com mães solo cresceu quase 18% no Brasil, entre os anos de 2012 e 2022, totalizando 11,3 milhões de lares nessa condição. A pesquisa considera como mãe solo a mulher com ao menos um filho e sem a presença de um cônjuge nos domicílios.

As dificuldades enfrentadas pelas mães solos no mercado de trabalho também se refletem na sua saúde emocional. Aproximadamente 45% das mães solo que trabalham no Brasil estão no mercado informal, o que gera rendimentos menores e instáveis, além da carga extra de responsabilidades familiares. Além disso, as políticas públicas não estão adequadas às necessidades dessas mães, o que gera dificuldades para conciliar o trabalho com a criação dos filhos.

A ausência de uma rede de apoio e os desafios econômicos enfrentados cotidianamente fazem com que a maternidade solo seja uma tarefa árdua para muitas mulheres, impactando diretamente em sua saúde emocional e mental. O reconhecimento e a busca por soluções que atendam às demandas dessas mães é essencial para proporcionar melhor qualidade de vida e bem-estar emocional para elas.

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