Deputado verde europeu critica acordo da União Europeia com o Mercosul e defende maior compromisso ambiental e transferência de tecnologia

O eurodeputado Thomas Waitz, dono de uma propriedade bucólica no norte da Áustria, visitou o Brasil em agosto deste ano para discutir o acordo entre a União Europeia e o Mercosul. Durante sua estadia, Waitz concedeu uma entrevista exclusiva ao Congresso em Foco, na qual abordou a questão ambiental e os desafios do acordo.

Waitz concorda com as críticas feitas pelo presidente Lula às exigências da União Europeia no acordo, especialmente em relação à questão ambiental. Ele alega que o tratado proposto pelos europeus está desequilibrado e que o bloco sul-americano sairia prejudicado. Para que o acordo seja efetivado, a UE precisará ceder em suas exigências, principalmente nas áreas de licitação pública, desenvolvimento social e transferência de tecnologia.

Durante a Cúpula da Amazônia em Belém, Lula criticou o que chamou de “neocolonialismo verde”, referindo-se às práticas adotadas por países ricos que impõem restrições e taxações a produtos nacionais em retaliação ao descumprimento das metas ambientais impostas por eles. Waitz concorda com as críticas e defende uma abordagem de cooperação e apoio financeiro, ao invés de uma postura arrogante por parte da União Europeia.

Waitz reconhece os esforços do governo brasileiro na recuperação das políticas ambientais, que foram prejudicadas durante a gestão de Bolsonaro. No entanto, ele destaca a necessidade de implementação efetiva das leis e a garantia de que os recursos financeiros destinados ao Brasil serão utilizados de forma correta e eficiente.

O eurodeputado também ressalta a importância do financiamento ambiental por parte dos países ricos, uma vez que eles são os principais responsáveis pelos problemas ambientais causados pelo uso de combustíveis fósseis. Ele argumenta que a União Europeia não pode simplesmente pedir aos países do sul global que resolvam esses problemas, mas sim assumir a responsabilidade de contribuir ativamente para o financiamento climático.

Apesar das limitações políticas enfrentadas pelo governo Lula, Waitz acredita que é possível transpor essas barreiras e encontrar uma solução satisfatória para o acordo. Ele ressalta a importância de uma vontade política suficiente por parte do governo brasileiro, ou a existência de uma ampla coalizão que permita a expressão dessa disposição política.

Em relação ao acordo de livre comércio entre a UE e o Mercosul, Waitz considera que ele está desequilibrado e segue diretrizes neoliberais dos anos 90. Ele acredita que o acordo reforçaria problemas existentes no Brasil, como a agricultura de escala industrial e a concentração de riqueza nas mãos de uma elite. Por isso, ele argumenta que esse não é o caminho a ser seguido.

Criado em 2004, o Partido Verde europeu é uma fusão de 32 legendas ecologistas nacionais de 29 países, incluindo Suíça, Rússia, Geórgia e Ucrânia. O partido transita entre a esquerda e a centro-esquerda no espectro ideológico.

Em suma, Thomas Waitz defende uma abordagem de cooperação entre a União Europeia e o Brasil, em vez de imposições e restrições. Ele enfatiza a necessidade de um financiamento ambiental adequado por parte dos países ricos e a implementação efetiva das leis e políticas ambientais no Brasil. Além disso, ele destaca a importância de um acordo equilibrado, que beneficie não apenas a indústria europeia, mas também promova o desenvolvimento social e a industrialização do Brasil.

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