Segundo relatos de Cíntia, os abusos começaram com episódios de ciúme por parte de Bove, que progressivamente evoluíram para ataques verbais e físicos. A ex-mulher do deputado descreveu situações em que foi humilhada com xingamentos e chegou a ser agredida fisicamente, inclusive com o lançamento de uma faca que a atingiu na perna.
Diante das acusações, a 3ª Delegacia de Defesa da Mulher instaurou um inquérito policial e solicitou uma medida protetiva para Cíntia Chagas, que foi prontamente concedida pela Justiça. O caso foi registrado como violência doméstica, violência psicológica, ameaça, injúria e perseguição, com as investigações em curso sob sigilo judicial.
Em resposta à acusação, a defesa do deputado não se manifestou diretamente, mas Bove utilizou suas redes sociais para negar veementemente as acusações, afirmando que jamais agrediria uma mulher. Além disso, ele expressou confiança de que a verdade será restabelecida no momento oportuno, apesar de estar temporariamente impedido de comentar sobre o assunto devido ao segredo de Justiça.
Diante da gravidade da situação, a deputada Mônica Seixas (PSOL-SP) protocolou uma manifestação no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Alesp, solicitando a cassação do mandato de Bove. O partido do deputado, o PL, maior bancada na Casa com 19 parlamentares, ainda não se pronunciou oficialmente sobre a denúncia, mas o PL Mulher, liderado por Michelle Bolsonaro, emitiu uma nota repudiando a violência doméstica e prometendo adotar medidas severas se as acusações forem comprovadas.
No entanto, a advogada de Cíntia Chagas, Gabriela Manssur, lamentou o vazamento de informações do processo, reforçando a importância do sigilo de Justiça para proteger a privacidade da vítima. Ela destacou a coragem da ex-mulher de Bove em denunciar os abusos e ressaltou a necessidade de aguardar o desfecho do inquérito policial para buscar justiça.
Lucas Bove, diplomado em administração e comércio exterior, foi eleito deputado estadual em 2022 com mais de 130 mil votos. Identificado como bolsonarista e defensor do agronegócio, ele ocupa atualmente o cargo de vice-presidente da Comissão de Educação da Alesp.
O desenrolar dessa denúncia traz à tona questões sérias sobre violência doméstica e a necessidade de investigações rigorosas para garantir a proteção e a justiça para todas as vítimas. A Alesp e o PL foram instados a se posicionar diante do caso, aguardando-se desdobramentos que possam restabelecer a verdade e a integridade das partes envolvidas.