Crise na zona costeira do Brasil: o descaso com o mar e a costa ameaça ecossistemas e comunidades

O Brasil enfrenta uma crise de descaso com a zona costeira-marinha, desde o passado até o presente, e a situação futura parece sombria. Apesar de possuir um extenso e rico litoral, o país parece virar as costas para o mar, permitindo que o interesse privado prevaleça sobre o público, levando a diversos tipos de danos, como poluição por óleo, esgoto, resíduos sólidos, erosão costeira, especulação imobiliária, turismo predatório, destruição de ecossistemas e modos de vida tradicionais.

Uma das empresas responsáveis por uma dessas tragédias é a gigante petroquímica Braskem, que causou impactos significativos nas águas do Complexo Estuarino Lagunar Mundaú-Manguaba (CELMN) em Alagoas. O afundamento do terreno nessa região, devido à extração de sal-gema para a produção de plástico, provocou a submersão permanente do manguezal, prejudicando a fauna e a flora e ameaçando um ecossistema complexo, incluindo o sururu, símbolo da culinária do estado.

Além disso, cerca de 500 pescadores artesanais tiveram seu modo de vida afetado, com a proibição do acesso à lagoa, onde circulam diversas espécies de peixes. Isso não afeta apenas a captura do peixe, mas toda a cadeia produtiva ligada à pesca, envolvendo profissionais de diferentes áreas e resultando na diminuição drástica da oferta de peixe em Maceió.

A situação se agrava quando se compreende o impacto da Braskem na poluição global por plásticos. Anualmente, a empresa faz com que pelo menos 325 milhões de quilos de lixo plástico cheguem ao mar no Brasil, o que é tratado como a segunda maior ameaça ambiental ao planeta, atrás apenas da emergência climática. No entanto, a indústria do plástico no Brasil continua a produzir cerca de 3 bilhões de itens descartáveis anualmente, sem interesse na reciclagem, resultando em uma taxa alarmante de morte de animais marinhos que interagem com os dejetos.

A Braskem é acusada de impor uma produção brutal de plásticos, enquanto prega a sustentabilidade em eventos como a Conferência das Partes (COP) 28. Essa atitude levanta questões sérias sobre a responsabilidade corporativa e a proteção do meio ambiente.

Diante desses fatos, é evidente que é necessário agir com urgência, em nível local e global, para controlar, punir e regular as empresas que causam danos ao meio ambiente. Além disso, é fundamental repensar nossas práticas em relação ao plástico e à preservação dos ecossistemas costeiros. A tragédia em Maceió é um alerta para a necessidade de uma ação imediata e efetiva para proteger nosso meio ambiente e garantir um futuro sustentável para as próximas gerações.

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