Apesar de sua fama de país pacífico, a Costa Rica tem sido surpreendida pelo avanço da violência. No ano de 2022, registrou um recorde de 666 homicídios, número que foi superado no primeiro semestre deste ano. Analistas projetam que a cifra de homicídios deve chegar a 900 até dezembro, sendo o dobro do registrado em 2020.
Esse aumento da violência está relacionado à penetração no território costarriquenho de cartéis mexicanos, como os de Sinaloa e Jalisco, e de facções criminosas salvadorenhas, conhecidas como “maras”. Esses grupos têm se estabelecido na Costa Rica em busca de novas rotas para o tráfico de drogas em direção aos Estados Unidos.
O governo costarriquenho tem adotado uma estratégia de negociação de “tréguas” e acordos com esses grupos criminosos, seguindo uma prática comum na região. No entanto, essa estratégia tem falhado em combater a raiz do problema, que é o fluxo de drogas ilegais. Além disso, crimes como demarcação de território, extorsão e cobrança de “pedágio” irregular nas estradas têm se intensificado na Costa Rica.
O presidente Rodrigo Chaves, um economista conservador que assumiu em 2022, nega que esteja negociando com os grupos criminosos, mas a Procuradoria local já solicitou a abertura de uma investigação após a denúncia feita pelo jornal mexicano El Universal.
Outro fator de insatisfação com o governo de Chaves é o tratamento dado aos imigrantes que chegam à Costa Rica, principalmente aqueles que atravessam o perigoso estreito de Darién. Ao chegarem ao território costarriquenho, são forçados a entrar em ônibus que os levam ao norte, gerando casos de xenofobia e divisão política.
A situação da Costa Rica reflete um problema maior na América Latina, onde o crime organizado transnacional está mais integrado do que os governos nacionais. É urgente que medidas conjuntas sejam tomadas para combater esse problema, caso contrário, todos os países da região seguirão o mesmo caminho. A “Suíça da América Central” também está sucumbindo.