O site Herkul, que publica os sermões de Gulen, anunciou em suas redes sociais o falecimento do clérigo, que ocorreu no hospital onde estava internado nos Estados Unidos. Apesar das acusações de envolvimento no golpe, Gulen sempre negou qualquer participação, enfatizando o papel de seu movimento, conhecido como “Hizmet” (serviço), na promoção de um Islã moderado, educação ocidental e diálogo inter-religioso.
Nascido em 1941 em uma vila na província turca de Erzurum, Gulen dedicou sua vida à pregação islâmica e à disseminação de valores como a educação e a liberdade de mercado. Sua influência se estendeu além das fronteiras turcas, alcançando repúblicas da Ásia Central, Bálcãs, África e Ocidente por meio de uma extensa rede de escolas e instituições.
O relacionamento entre Gulen e Erdogan, que já foi próximo, deteriorou-se após investigações de corrupção envolvendo o governo em 2013. Gulen e seus seguidores foram acusados de liderar as investigações, culminando em um mandado de prisão para o clérigo em 2014 e a designação de seu movimento como grupo terrorista dois anos depois.
Após a tentativa de golpe em 2016, Erdogan intensificou a repressão contra os seguidores de Gulen, resultando na prisão de milhares de indivíduos e no fechamento de escolas, empresas e meios de comunicação ligados ao clérigo. Gulen, por sua vez, rejeitou veementemente qualquer envolvimento na ação, condenando-a e reiterando sua postura contra golpes militares.
A morte de Gulen marca o fim de uma era para seu movimento e para a relação polarizada com o governo turco. Sua figura, isolada e controversa, continuará a gerar debates e polêmicas sobre seu legado e influência na Turquia e além de suas fronteiras.