Ginásios, escolas e associações abriram suas portas para abrigar os aproximadamente 80 mil desabrigados, enquanto voluntários e funcionários das prefeituras se empenhavam em organizar a rotina nesses locais temporários. Em meio ao cenário de destruição, os moradores tentavam se adaptar à nova realidade, longe de suas casas e pertences perdidos.
No centro esportivo municipal de São Leopoldo, um dos municípios mais afetados, um salão de beleza improvisado foi montado para animar as mulheres. Muriele Bronzane, de 20 anos, mãe de três filhos, contou que o almoço de Dia das Mães em família foi substituído pela experiência no abrigo, onde teve a oportunidade de cuidar de si e renovar sua autoestima. A situação das famílias desabrigadas era agravada pela perda de seus bens e lembranças que ficaram para trás nas casas alagadas.
A Unisinos, uma universidade privada, transformou seu ginásio esportivo em abrigo, acolhendo cerca de 2.000 pessoas afetadas pelas enchentes. No local, atividades como oficinas e uma missa foram organizadas para tentar proporcionar algum conforto às vítimas. A dona de casa Marileia da Rosa, de 40 anos, relatou as dificuldades enfrentadas no abrigo, como a falta de conforto e as preocupações com o futuro.
A situação era desafiadora para muitas famílias, como a da doméstica Saionara de Oliveira, de 56 anos, que, além de lidar com os efeitos das enchentes, também enfrentava o luto pela perda de seu filho recentemente. Enquanto isso, a vendedora Janaína Lucas de Oliveira, de 29 anos, lamentava a mudança de planos para seu aniversário, marcando a tristeza que pairava sobre o Dia das Mães das famílias desabrigadas no Rio Grande do Sul.