Embora o governo chinês tenha oficialmente anunciado no início de 2021 que a pobreza absoluta foi abolida no país, com 800 milhões de pessoas saindo da miséria nas últimas quatro décadas, as raízes dessa luta remontam à fundação da República Popular da China em 1949. Na época, a China era um país agrário, atrasado e com infraestrutura destruída devido a décadas de guerra. No entanto, durante o governo de Mao Tsé-Tung, o país conseguiu industrializar-se, combater o analfabetismo e desenvolver suas forças produtivas, apesar dos traumas e instabilidades vivenciados ao longo desse processo.
No entanto, a industrialização chinesa ainda estava tecnologicamente atrasada em relação aos países desenvolvidos, e o mercado interno estava limitado devido à incapacidade de prover bens de consumo na quantidade necessária. Foi somente a partir de 1975, com as reformas econômicas lideradas por Deng Xiaoping, que a China iniciou um novo capítulo na sua história de combate à pobreza. A política de “Reforma e Abertura” combinou a aceitação da iniciativa privada com a coordenação e direção do Estado, visando o desenvolvimento das forças produtivas do país.
As reformas foram implantadas de forma gradual, começando no campo, com a descoletivização da propriedade da terra e a distribuição de pequenos lotes privados para os camponeses. Além disso, foram criadas Zonas Econômicas Especiais em cidades costeiras para atrair investimentos estrangeiros e absorver tecnologia. Essas medidas resultaram em um crescimento médio do PIB de 10% entre 1978 e 2013, além de uma redução significativa da pobreza urbana e rural.
No entanto, milhões de chineses ainda viviam em condições precárias, especialmente em regiões remotas e com pouca infraestrutura. Em 2013, o presidente Xi Jinping assumiu o compromisso de eliminar a pobreza extrema até 2020. Isso desencadeou uma mobilização maciça de recursos financeiros e humanos, com investimentos governamentais dobrando em apenas três anos.
Centenas de milhares de quadros do Partido Comunista foram enviados para avaliar as condições de vida nos vilarejos pobres e identificar as famílias que precisavam de ajuda. Posteriormente, três milhões de “primeiros-secretários” também foram mobilizados para acompanhar e auxiliar essas famílias durante um período de dois anos, em um programa chamado “Redução Direcionada da Pobreza”.
Esses esforços foram intensificados mesmo durante a pandemia de Covid-19, quando o país adotou uma das políticas de lockdown mais restritivas do mundo. A filosofia por trás dessa abordagem é tratar os pobres como capazes e capacitá-los a melhorar suas condições de vida. Além disso, o governo chinês tem investido em projetos de energia renovável, como plantas de energia solar, que além de fornecerem energia limpa, também geram empregos e ajudam a combater a pobreza.
Embora a China tenha alcançado resultados notáveis na redução da pobreza, o governo reconhece que ainda existem desafios a serem enfrentados, como a desigualdade social e regional. No entanto, o compromisso de acabar com a pobreza extrema tem sido uma prioridade para o governo chinês, e os esforços continuam a ser feitos para melhorar as condições de vida da população mais pobre.
Em resumo, a China tem enfrentado a pobreza com determinação e estratégias abrangentes. O país passou por um longo caminho desde a sua situação de atraso e destruição após a guerra, até se tornar uma potência econômica e social. Os investimentos maciços, as reformas econômicas e o compromisso de promover o desenvolvimento das forças produtivas têm sido fundamentais nessa transformação. A China se tornou um exemplo histórico de sucesso na luta contra a pobreza, alcançando resultados “historicamente sem precedentes”, como afirmou o Banco Mundial.