Shamila e Amina, de 14 e 13 anos, foram entregues ao casamento por seus pais em troca de dinheiro para auxiliar a família a se preparar para as enchentes. Shamila relata que estava feliz com a ideia de se casar, pensando que sua vida seria mais fácil ao casar-se com um homem muito mais velho que ela.
Essa prática, que vinha diminuindo nos últimos anos, tem ressurgido devido às condições extremas causadas pelas mudanças climáticas. Após as enchentes sem precedentes em 2022, ativistas de direitos humanos afirmam que o número de casamentos de meninas menores de idade aumentou novamente, sendo impulsionado pela insegurança financeira associada aos fenômenos climáticos extremos.
A temporada de monções, que é vital para o sustento dos agricultores e a segurança alimentar do país, está se tornando mais intensa e prolongada devido às mudanças climáticas, trazendo riscos como deslizamentos de terra e danos às colheitas. Muitas famílias no Paquistão têm buscado desesperadamente formas de sobrevivência, e uma das opções tem sido casar suas filhas menores em troca de dinheiro.
Na cidade de Khan Mohammad Mallah, onde Shamila e Amina se casaram, 45 menores de idade se tornaram esposas desde as últimas monções. Autoridades locais ordenaram uma investigação sobre os casamentos precoces na região.
O Unicef destaca avanços na redução do casamento infantil, mas alerta que os fenômenos climáticos extremos estão colocando as meninas em situação de risco. A agência prevê um aumento na prevalência do casamento infantil devido às inundações de 2022, o que poderia equivaler a cinco anos de retrocesso nos avanços conquistados nessa área.
Diante desse cenário preocupante, é crucial que as autoridades e a sociedade civil no Paquistão ajam para proteger as meninas e garantir que tenham acesso a educação e oportunidades, ao invés de serem forçadas a casamentos precoces como forma de enfrentar as consequências das mudanças climáticas.