Caixa Econômica Federal estuda contratar empresa acusada de fraude em licitação milionária para operar microcrédito rural, gerando polêmica.

A Caixa Econômica Federal está no centro de uma polêmica por estar estudando a contratação de uma empresa acusada de fraude em licitação. A empresa em questão, Cactvs, foi proibida de operar com o BNB até março de 2025 devido a problemas em uma concorrência relacionada ao programa de microcrédito rural do Banco do Nordeste. A contratação em análise pela Caixa seria no valor de R$ 411 milhões, a serem pagos em 60 meses, podendo ultrapassar esse montante dependendo do desempenho da operação.

O programa de microcrédito prevê a operação de 40 mil contratos anuais, com a empresa recebendo 66% da remuneração e o restante sendo da Caixa. Os fundos para os empréstimos virão do FCO (Fundo Constitucional do Centro-Oeste) e do FNO (Fundo Constitucional de Financiamento do Norte), cabendo a estes lidar com o risco de inadimplência, enquanto o risco operacional e de fraude é da responsabilidade da Cactvs.

Além das acusações de fraude, a empresa também se vê envolvida em outros problemas, incluindo investigações nos Estados Unidos em relação a um de seus responsáveis, Fernando Passos. Passos, ex-diretor da resseguradora IRB, enfrenta processos judiciais por divulgar informações falsas que impactaram o mercado financeiro. A Cactvs foi criada após a saída de Passos do IRB, sendo atualmente presidida por sua mulher, Kelvia Passos.

Outro ponto de controvérsia é a relação da Cactvs com Gilberto Occhi, ex-presidente da Caixa, e o presidente atual da instituição, Carlos Antônio Vieira Fernandes. A contratação da empresa pela Caixa está sendo conduzida pelo sobrinho de Carlos Antônio. Em defesa da decisão, a Caixa destacou que o modelo de contratação foi elaborado por um grupo de trabalho interno e que a empresa passou por uma consulta pública habilitando apenas a Cactvs.

Diante do histórico conturbado da empresa e de seus responsáveis, a contratação pela Caixa levanta questionamentos sobre a transparência e idoneidade do processo. A falta de manifestação dos envolvidos e as investigações em curso nos Estados Unidos adicionam camadas de complexidade e dúvidas a essa questão. A Caixa busca um novo modelo de microcrédito após sofrer prejuízos bilionários em um programa utilizado com fins eleitorais no passado. A contratação da Cactvs deve ser analisada com cautela e transparência para garantir a integridade das operações da Caixa Econômica Federal.

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