Esse casal, cuja trajetória se entrelaça com a história da ditadura argentina, trouxe à tona questões políticas e sociais que permeiam não só a Argentina, mas toda a América Latina. Em meio a garrafas de vinho, discutimos sobre o atual cenário político, manifestações e o medo de retrocessos autoritários. A incerteza sobre o futuro e a percepção de que a região parece incapaz de romper um ciclo de instabilidade foram temas recorrentes em nossas conversas.
Relendo “Os Detetives Selvagens” de Roberto Bolaño, pude captar a essência da experiência latino-americana marcada por turbulências políticas e incertezas. O autor, um exilado da ditadura chilena, retrata a trajetória dos latino-americanos como uma jornada permeada por farrapos brilhantes e atrozes, refletindo a complexidade da região.
Ao me despedir dos meus amigos, percebi que a tensão presente nas ruas de Buenos Aires refletia a constante incerteza que paira sobre a América Latina. A sensação de não saber o que o futuro reserva, de acordar vestindo roupas desconhecidas no dia seguinte, permeou minha despedida.
Fico imaginando as futuras conversas com meus amigos e seus filhos, refletindo sobre o papel do Malbec e dos abraços fraternos que nos confortam em meio à turbulência. A visita a Buenos Aires não apenas me trouxe lembranças do passado, mas também me fez refletir sobre o presente e o futuro incerto da região. À medida que a América Latina caminha em círculos, resta-nos a esperança de encontrar novos caminhos e construir um futuro mais estável e promissor para todos os seus habitantes.