De acordo com o Professor João Jarochinski, do curso de relações internacionais da Universidade Federal de Roraima, em Boa Vista, fatores como as melhores condições de regularização migratória e o atendimento em Pacaraima, principal entrada no Brasil, têm incentivado a escolha pelo país. Além disso, o controle estatal e o aumento da burocracia em outros países sul-americanos têm desestimulado a ida de venezuelanos para esses destinos.
Um dos pontos destacados é a mudança no perfil dos imigrantes, que tem se tornado cada vez mais feminino e precarizado. Mulheres como Eilyn e Cindy chegam ao Brasil em situações vulneráveis, muitas vezes grávidas sem acompanhamento pré-natal, ou crianças com desnutrição. Cinthia Miranda, coordenadora-geral do Serviço de Proteção em Situações de Calamidade Pública e Emergência, do Ministério do Desenvolvimento, Assistência Social, Família e Combate à Fome, ressalta que a situação das mulheres imigrantes tem se agravado, com a chegada de pessoas sem tratamento para diversas condições de saúde.
Antes da pandemia, o fluxo de imigrantes venezuelanos era composto principalmente por homens com maior renda e escolaridade, como médicos, advogados e comerciantes. No entanto, nos últimos anos, houve um aumento significativo no número de famílias vulneráveis que buscam refúgio no Brasil, enfrentando desafios e dificuldades no novo país de acolhimento.