Brasil registra recorde de queimadas em 2024 e projeto-piloto no Baixo Tapajós se destaca como modelo de prevenção

No ano de 2024, o Brasil encontra-se diante de uma preocupante realidade: um número recorde de queimadas tem assolado todo o território nacional. De janeiro a agosto, mais de 100 mil focos de incêndio florestal foram registrados, representando um aumento de 78% em comparação com o mesmo período do ano anterior.

Essa situação alarmante levou à implementação de um projeto-piloto na região do Baixo Tapajós, no estado do Pará, que pode servir de modelo para futuras iniciativas em outras áreas críticas da Amazônia e de outros biomas. O projeto envolveu brigadas voluntárias e comunitárias, destacando a importância do voluntariado, do envolvimento das comunidades locais e da cooperação interinstitucional na proteção dos recursos naturais e na promoção da resiliência territorial.

Em dezembro de 2023, a região sul da Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns foi atingida por grandes incêndios florestais, exigindo uma operação de combate que durou cerca de 44 dias e demandou recursos significativos. Em julho de 2024, novos focos de incêndio foram detectados na mesma região, porém, desta vez, a resposta foi mais eficaz devido ao trabalho integrado das brigadas voluntárias e comunitárias em conjunto com o ICMBio.

O Manejo Integrado do Fogo foi o ponto central desse projeto na região do Baixo Tapajós. Esse conjunto de ações visa evitar, controlar e até mesmo utilizar o fogo de maneira consciente e planejada em determinadas paisagens. Desde 2022, o IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas tem trabalhado na construção da Estratégia Federal do Voluntariado no Manejo Integrado do Fogo, em parceria com o Ministério do Meio Ambiente, Ibama, ICMBio e financiada pela GIZ.

As brigadas voluntárias e comunitárias desempenham um papel fundamental no manejo integrado do fogo, pois possuem conhecimento local e capacidade de atuar preventivamente ou no combate a incêndios florestais. A região do Baixo Tapajós é um território vasto, com desafios particulares no uso do fogo relacionados à agricultura, desmatamento e mudanças climáticas.

A construção coletiva foi essencial para o sucesso desse projeto, envolvendo capacitação, diálogo entre poder público e comunidades, e a implementação do Sistema de Comando de Incidentes (SCI). A integração entre as brigadas e o poder público, aliada ao conhecimento tradicional e à participação da sociedade civil, tem sido a chave para enfrentar os desafios do manejo do fogo na região.

A aprovação da Política Nacional do Manejo Integrado do Fogo pelo governo federal em julho evidencia a importância de abordar o tema de maneira integrada, considerando não apenas a prevenção e combate a incêndios, mas também a restauração de áreas atingidas. A participação ativa das brigadas voluntárias e comunitárias, juntamente com toda a sociedade, é crucial para lidar com a atual crise ambiental e garantir a proteção dos recursos naturais do país.

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